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Professor, Músico, Audiófilo, Cientista Político, Jornalista, Escritor de 1968.

sexta-feira, 23 de janeiro de 2009

Não Dá, Não Aguento Mais!

É impossível suportar essa rotina. Pra que tudo isso? Tudo isso pra quê? Acham que eu sou o quê pra suportar o insuportável? Onde querem que eu vá parar? Onde vão me mandar pra trabalhar? Tudo que há, a culpa é sempre minha. Se eu esqueci isso, apesar da minha rotina insuportável e da falta de amor, por parte deles, inclusive, a culpa é minha. Se eu lembro de perguntar por que eu não entendi e quero saber, a culpa é minha. Se eu não concordo com o que me disseram, a culpa é minha. Se eu não concordo com o método, a culpa é minha. Se eu sou assim e não assado porque não deixam, a culpa é minha. É tudo minha culpa mesmo.
Para onde vamos, para onde vou, que barco é esse, qual nosso “conteúdo”? Queremos ir à Universidade, esse é o fim? Será que queremos mesmo? É lá que é bom? O que é lá se aqui não nos informam e não temos a menor idéia? Eu vou sair daqui, não sei quando, e vou ir para um lugar, para o qual eles dizem que devo ir, só que eu, o mais interessado nem bem sei como é! É um jogo de cabra-cega, só que aqui todos são cegos.
Cheguei aqui sem saber e vou sair sabendo menos, pois ninguém me perguntou o que eu queria saber, como eu queria aprender. Nem sabiam como eu aprendia ou o que eu sabia, porque todo mundo sabe alguma coisa. Eu sei. Eu sei que eu sei de alguma coisa. Eu vi e vejo isto. Mas ninguém quis saber de mim. Só despejam seu conteúdo em cima de mim. Me soterram dia a dia com coisas que, na minha vida, não fazem o menor sentido. Mas ninguém, ou quase ninguém, pra não ser injusto, perguntou sobre a minha vida. Minha vida, que eu sempre dividi com todos, só não interessa aqui. Aqui sou só um número, pequeno, grande, sem personalidade, sem eu mesmo. Sou um numerozinho e é só.
Eu até tento, tento mesmo. Não vou dizer que não haja gentes e coisas interessantes aqui. Claro que há. Tem muitos colegas bons e com eles eu me divirto. Longas discussões acaloradas, cheias de conteúdo, sentimentos e emoções. Há algum amor, amizade, compaixão e companheirismo. Bondade e dedicação de minha parte a eles não faltou. Em nenhum momento os abandonei. Se os deixei sós foi porque havia abandonado a mim mesmo com isso tudo acontecendo. Deles também, de alguns, tive muito. Para estes tudo. Para o todo, nada. O resto não merece.
Será que isso um dia vai mudar? Acho que eu não vou ver, não vou querer ver não. Pra quê? De mim eu sei, mas eles sabem? Não acredito. Só sabem deles. Querem que eu goste do que eles gostam, que entenda como eles entendem, afinal, dizem, sabem o que é certo, a verdade, o que nos serve. Nunca quiseram saber o que eu sei, porque acham que não sei nada. Querem me convencer que eu não sei nada, que só serve o que eles sabem e que devo aprender o que eles aprendem do jeito que acham que devo aprender.
Mas eu tenho uma coisa pra lhes ensinar que eles nem sabem que vão aprender nem que não queiram. O Futuro é meu. E mesmo que eles não queiram, nem que demore gerações não querendo, uma coisa é certa: isto tudo vai acabar. Porque não há vida que não se espelhe no verdadeiro conhecimento, aquele que mantém as pessoas respirando, comendo, dormindo. E este é mais forte do que a própria vida. O verdadeiro conhecimento não se ensina, cada homem toma, rouba o que merece. E se eles querem morrer sem saber, não sou eu quem vai lhes ensinar.

2 comentários:

Anônimo disse...

Bah, muito bom mesmo esse seu texto, sor! É de parar e se questionar de tudo que acontece a cada momento com todos nós...

Lawrence David disse...

Obrigado, Carol. Em breve irei postar outros.