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Professor, Músico, Audiófilo, Cientista Político, Jornalista, Escritor de 1968.

sexta-feira, 21 de outubro de 2011

Adeus, Olá!


Deixei onze anos da minha vida pra trás, abri uma nova porta ou janela e corri para um abraço com o futuro. Troquei de emprego. Mas não deixei de ser professor.
Toda a minha experiência veio comigo, enriquecendo o que levo por agora. Todos os meus alunos, colegas e diretores que, de alguma forma, contribuíram em minha formação estão guardados em minhas atitudes diante do que estou vivenciando. No Padre Reus, vulgo Padrécu, fiz muita coisa no ensino médio. Me tornei professor, criei minhas grandes invenções, elocubrei meus melhores planos. Aprendi o que eu faço neste espaço. Fui paraninfo, conselheiro, coordenador e produtor pela primeira vez. Tive muito prazer em ser professor de História e trabalhar com teatro, música, direito e desenho. Me tornei refém dos recreios animados, projetos bem-sucedidos e colegas simpáticos.
Em Eldorado do Sul me pós-graduei no ensino fundamental. Em minha luta pra entender o que é o interior do Brasil, aprendi todos os modos da criançada. Arrisquei jornais, teatros, julgamentos, corais e oficinas. Sempre fui apoiado pelas direções. Meus colegas sempre foram solidários, na saúde e na doença, na alegria e na tristeza. Me estressei muito e planejei tanto, por pensar que há uma certa lerdeza e alienação cultural, que coloca essa cidade amada em um patamar de mal resolvida, pois há tantas dificuldades latentes, diferentes, e há tão pouco interesse ou conhecimento pra resolvê-las. Mas temos esperança na esperança dos professores e olhares brilhantes das crianças daqui que são sempre maravilhosas
Estou em outro mundo. Meu mundo atual é cercado por incerteza, asperidade. Nunca enfrentei desafios tão grandes. Educar quem tem muito pouco, quem sofre pra viver e vive pra sofrer. Pra quem parece não querer aprender. A escola pra eles parece um grande estorvo. E temos que fingir que ensinamos. Peraí, eu quero conseguir ensinar esses alunos, que são assim tão carentes e desejosos de algo bom, que lhes coloque em um caminho menos incerto diante do futuro. Sim, eu conseguirei isso, é uma aposta em mim mesmo.
Todo mundo tem direito de jogar sua velha vida fora e começar uma outra, ganhando melhor e colhendo novas amizades e experiências. É uma renovação do ciclo das renovações e de grande magnitude, e vai me levar a ter uma vida um pouco melhor e talvez voltar pra minha querência. Agora, no entanto são tempos de saudade. De vidas que virão e se foram. De planos que sumiram e reapareceram se renovando com a esperança do presente.  


domingo, 19 de junho de 2011

BESTEIRAS

Por Lawrence David

Como os estudantes chegam para nós no Ensino Médio? Qual seu nível de leitura? Sabem se expressar por escrito claramente? Parece que não. Todos sabemos do pouco apreço da juventude de escolas públicas em geral pelo virtuoso hábito da leitura, afinal tão necessário para formarmos mentes intelectuais. Como eles realmente caíram no analfabetismo funcional, fenômeno que perpassa todas as classes e níveis de escolaridade, escrevem besteiras, porque não entendem o que leem. E escrevem exatamente o que entenderam ... Nos fazem ver o retrato da mente mediana da sociedade hedo-consumista dos novos tempos que se preocupa pouco com o conteúdo e já não sabe mais o que é forma.
Os extratos aqui contidos são absolutamente verdadeiros retirados diretamente de uma escola de ensino médio, 1ª Série, 1º Trimestre de 2011. Disciplina: História.

Pérolas 1: Pré-história.
Questão: destacar aspectos tecnológicos, econômicos e culturais dos grupos humanos durante os períodos paleolítico e neolítico. Caracterizar o processo de hominização.

...e suas culturas eteconológicas eram feito por eles mesmo á mão”
O Período Paleolítico, que pode ser considerado mesolítico até pelo fato de 'pertencerem' um ao outro”.
No neolítico a agricultura era bem farta mas no peleolítico já não era, o tempo no paleolítico não era tão bom.”
O Período paleolítico é um período mais 'antigo' e com menos tecnologias. Já o período neolítico é um período mais industrial.”
O Período paleolítico foi dividido em superior e inferior. O neolítico foi dividido em apenas ele mesmo, ou seja, não foi dividido.”
No pelolítico na religião eles eram politeístas, ou seja, acreditavam na vida após a morte, já no neolítico eles eram monoteístas, ou seja, não acreditavam em vida após a morte.”
Tecnologia na verdade não tinha muita, mas com a faca que como não sabiam do metal faziam com uma pedra batendo na outra.”
(Essa só podia ser gozação)”Quando iniciou o neolítico começaram as fabricações de moto-serras, um instrumento totalmente devastador ao meio ambiente, além de prejudicar mais as pessoas ...”
Naquela época a humanidade ainda era machista e não aceitava a mulher envolvida em negócios capitalistas.”
Arcada dentária coeficiente, polegar mais móvel … começou a andar de pé...”(sobre o processo de hominização).”Suas capacidades de raciocínio foram aumentando, fazendo com que a cabeça tivesse uma formação diferente”.
Com a descoberta do 'machado' teve a formação de braços e pernas e não mais quatro patas. Assim se tornaram mais ágeis para matar seus alvos, ou sua comida.”
O processo de hominização é quando as características de macacos vão saindo e as características de humano vão chegando.”
Deixamos de ser assim meio queixudos para assim como somos. Deixamos de ser irracionais como os bixos, pássaros … manuseando as coisas melhores.”
Os psicológicos foram ficando mais espertos, eles eram como macacos, tinham muitos pelos se engatinhavam já meio querendo pular.”(2010)
O processo de homificação foi um processo demorado e teve muitas descobertas a partir de um tempo. E todos começaram a se cuidar mais e viram que a era 'macaco' tinha acabado.”(2010)
Seu célebro aumentou por causa de seu avanço celebral.”
As cidades começaram a ficar mais urbanas.”
O sistema agropecuário se tornou uma das maneiras arquisitivas de ganhar dinheiro.”
A cultura na época dos neolíticos eram extremamente normais, pois eles tinha a cultura mais elevada. E a tecnologia era apenas a luz do fogo, sendo que eles usavam a pedra pra descobrirem o fogo.”(Meu deus, que confusão e enrolação!)
Na evolução biológica em relação aos hominídeos aconteceu mudaça vizíveis, pelos em seu corpo diminuiu, pois não era mais necessário, pois foi feito casacos... Ossos dentário diminuiu pois não era preciso com o coziamento dos alimentos... O jeito de caminhar ficou mais reto, mais enclinado.”
O homem começou a andar nas planícies, deixando de andar nas árvores.”
A mandíbula diminuiu pelo fato de termos melhores meios para esquentá-la e deixá-la macia.”
Se sedentarizavam mais cedo, morrendo mais rápido.”
A sociedade humana era chamada de nomads, cujo caçavam, pescavam e não tinha residência fixa.”
No paleolítico a sua arte era rodimentada.” (rudimentar)
No paleolítico eles não se vestiam com roupas normais...”(Eram anormais ...)
Os homens estavam se sedentarizando na agronomia.”

Pérolas 2: Egito e Mesopotâmia antigos, Fenícios, Hebreus e Persas.
Questão: destacar aspectos econômicos, religiosos e culturais dos povos supra-citados.

A Civilização da mesopotâmica, o comércio era a econômia.”
Sua base econômica era mantida na arquitetura” (na verdade, agricultura)
A semelhanças dos três povos eram que ambos eram monoteístas e também gostavam de guerra. “Os Fenícios eram mais calmos.”
Os fenícios eram submarinheiros … eram industrializadores.”
O povo egípcio tinha uma cultura muito respeitada, principalmente pelo fato da rainha cleópatra ser uma mulher muito bonita (resposta rídícula)”(observação do próprio autor).
Acreditavam em vida após a morte, por isso mumificavam seus deuses”.
Os hebreus tinha a agricultura agrária e pastoril.”
Na mesopotâmica antiga a sociedade humana viviam bem, alguns nem tanto, por falta de empregos e eram muito religiosos acreditavam em seu deus...”
Sua economia era bastante normal para eles e para o tempo em que viviam”.
Os homens não tinham uma economia serta, mas tinham muitos aspéquitos.”
Foi uma época em que foram 'descobertos' os matemáticos … os mesopotâmicos eram de religião islâmica … a religião egípcia é a muçulmana.”
Os mesopotâmicos eram polígamos e de raça negra .”
A religião eles acreditavam em vários Deuses que podia ressucitar a pessoa.”
Os aspectos religiosos deles era que pra eles os melhores deuses eram ira, rá e isis, culturais eglíficos, fabricação de pirâmides”.
Sua econômia tem o modo de trocas de alimentos e objetos que não continham.”
Eles acreditavam em deuses da meteorologia e eles mumificavam os faraós para passar pro outro lado.”
Eles viviam dividido entre 2 rios, o rio Tigre e o Rio Nilo. Tinham por sua própria escolha sua religião. Era uma sociedade civilizada e estava sempre por dentro dos acontecimentos”.
Ambos acreditavam em deuses que atravez deles acontece os desenhos ambientais.”
Acreditavam em deuses na astrologia.”
A sociedade mesopotâmica era muito rigorosa. Não existiam escravos, mas sim ajudantes por vontade própria.”

Palavras curiosas: Imbarcassoems, seramica, ficssar, coizas, deuz, paleolípitico, neolípitico, uzavam, casça, mesopotonicos.

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quinta-feira, 26 de maio de 2011

Invisíveis!

Por Roseli Santos
  

Um artigo escrito recentemente pelo amigo, fotógrafo e escritor, Jerri Rossato Lima, me chamou a atenção para a invisibilidade das pessoas que não estão conectadas 24 horas no Facebook. Perceberam como há a necessidade crescente e permanente de “curtir”, “comentar” e “postar” qualquer coisa para existir? Eu, que não sou hipócrita e admito também utilizar essa ferramenta para contatos pessoais e profissionais, parei para analisar mais atentamente o perfil dos ditos “amigos” , especialmente daqueles que passam a maior parte do tempo “dizendo coisas”, “qualquer coisa”, online, seja por laptops, celulares, computadores pessoais e sei lá mais o quê, simplesmente para não se sentirem invisíveis ou acreditarem que, assim, existem realmente, por ironia, num mundo virtual. 
O Jornalista Marcello Vernet de Beltrand afirmou em artigo publicado em Zero Hora que  “conexão não é comunicação. Conexão tem relação com velocidade, instantaneidade, multiplicidade. Já comunicação entre indivíduos pertence ao continente da arte, pois exige tempo, contato face a face, profundidade, escuta, atenção, relação, percepção. Enquanto a conexão remete ao universo infinito e virtual, a comunicação nos convida a um olhar e estar – aqui e agora – no vasto território do outro. A comunicação é arte lenta e pressupõe ouvir mais do que falar, processar informações, selecionar significados, atribuir valor, eleger caminhos. Conexão exige acesso, comunicação é processo. Portanto, caro leitor, se você tem mais de 150 conexões, abra os olhos. Você pode estar vencendo a batalha da conectividade, mas, definitivamente, a qualidade única e original do ser comunicativo que o habita empobrece... velozmente”.
Fica claro que o número de conexões não justifica sua existência, mas basta uns dias desconectado  e pronto. Quem é você? Por onde anda? Morreu? Sumiu? Por favor, para ser quem se é não é preciso estar online. Basta um telefonema e, se você for amigo, verdadeiro, como os que eu tenho com o maior orgulho, nem precisa postar bobagens a cada segundo para mostrar-se vivo, presente.
Outro amigo meu contava, espantado, que se comunica diariamente com uma pessoa pelo Facebook, mas que ao se deparar pessoalmente com a amiga virtual, dia desses, limitaram-se  a um “oi tudo bem?” e cada um foi para o seu lado, sem nada a dizer. Esquisito, não? Intimidades online viram nada  quando a visibilidade é real. 
Confesso que tem sido divertido e curioso fazer esta análise da invisibilidade/visibilidade em um suporte virtual.  Basta postar algo e todos te reconhecem novamente. Esqueça ou se omita de dizer algo e... surpresa...você não existe mais. Desapareceu. O mais interessante é que há pessoas que forjam ser formadoras de opinião, comentando até a pedra que surje no meio do caminho, analisam seus umbigos e o dos vizinhos, observam o mundo baseados no que os outros fazem e não no que realmente acreditam e pensam.
Mas a quem interessa  ouvi-los?  Excetuam-se aqui, obviamente, os que utilizam essa ferramenta para opinar com propriedade sobre suas áreas de atuação ou envolvimento, compartilhando conhecimento e informação, cultura e diversão, entretenimento saudável, sabedoria para o mundo.  Pessoas deste nível nunca serão invisíveis, mesmo que deixem de postar algo no Facebook, no Twitter ou seja lá o que for. Essas sim, são formadoras de opinião e somam na vida real ou virtual.
Portando, queridos amigos, seja do Facebook ou da vida real, não se importem tanto com a visibilidade online, forjada em bases muito frágeis. Comuniquem-se verdadeiramente com seus amigos reais, porque conexão é outra coisa. Ajuda, mas sua instantaneidade pode durar apenas alguns meses, talvez alguns dias, horas, minutos, segundos. Uma amizade real, e essa é daquelas que se conta nos dedos (não passam de cinco ou seis, podem acreditar nisso),nos acompanhará  até o fim da vida. E essa, sim,  um dia  terminará de verdade, minha gente, ainda que nosso perfil permaneça online e já nem estejamos mais aqui, invisíveis, para sempre!

segunda-feira, 9 de maio de 2011

Crescimento

por Lawrence David

Foi muito bom, quando eu me imaginava um professor, durante a faculdade. Eu era feliz em preparar materiais didáticos que um dia dariam as informações corretas aos meus alunos, levando um ponto-de-vista mais ou menos equilibrado e moderno de minha disciplina à sua presença. Oh, quanta coisa guardei pra mostrar depois, pra fazê-los saber o quanto o conhecimento é importante, o quanto a sociedade é injusta e tudo o mais. Até passar no concurso do estado eu era esse idealista convicto, em sua inabalável missão de construir o futuro por suas lições de sabedoria e abnegação no caminho do saber.
Meu primeiro ano de aula para o ensino médio foi pela manhã. Tcharam! Finalmente, minha primeira aventura como efetivo, meu emprego de mestre. Acho que naquela época eu conseguia fazer bem o que queria e desejava naquele momento. Me lembro de meu primeiro conselho de classe. Fiquei apavorado com o que meus colegas diziam dos alunos. Mas aquilo não era nada do que eu pensava sobre eles! Adjetivos de tom pessoal é o que predominava. “É um idiota, burro, ignorante”, daí pra fora. E eu, defensor dos frascos e comprimidos, já me indispus com os meus colegas ali mesmo. Depois me fiz de assustado e recuei.

Conhecendo melhor meus alunos fui percebendo suas sutilezas de personalidade e vi que a juventude em 2000, não era fácil. Gente um tanto metida ali na Zona Sul. Os alunos podiam tudo e os professores usando seu poder de vida e morte pra se proteger. O SOE não funcionava porque estava calcado no moralismo repressor e policialesco e não no diálogo. Mas eu, me salvava no meio daquilo tudo, porque minha aliança era com a gurizada. Então me protegia, enfrentando meus colegas, tentando romper os limites tradicionais da educação. Afinal, em geral, a pedagogia predominante ainda era a diretiva-bancária-seletiva.
Eu era do contra mesmo. Mas aquela lufada de ar fresco dos que entraram em 2000, transformou as coisas. Elegeram-se direções mais democráticas com a paridade dos votos entre comunidade, funcionários e professores. E aí houve uma grande transformação. Mais plurais, mais representativos da sociedade civil, esses novos núcleos diretivos deram impulso a um processo de atualização relativo à LDB, que, com todos os seus defeitos e limitações, representou, de fato, um avanço. Onde não houve grande alteração por renovação, o foi por influência da realidade, que galopava prenhe de inovações, algumas até profundas.
Surfando nessa onda encontrei meu caminho, e minhas aulas entre 2003 e 2007 chegaram em um nível, em minha concepção, bastante satisfatório. Por ver meus alunos profundamente envolvidos naquilo que eu propunha, pelas inúmeras vezes em que fui conselheiro de uma turma, pelo apoio demonstrado publicamente nos Conselhos de classe que agora eram participativos, pela amizade que ficou até hoje com muitos, pelas festas que jamais esqueceremos, pelas atividades de teatro, música e reflexão que sempre davam o que falar, tudo ficou muito legal. Eu creio que cheguei no primeiro rubicão de um professor. A mocidade madura me fez muito feliz, mas …

Veio a época das vacas magras. Do corte em cima da educação, da ameaça e do medo. Mudou pra pior. Meu salário foi achatado. Cansei de trabalhar 60 horas por semana (e ainda aos sábados). Chega! Perdi a paciência com os (pobres!) alunos. A verdade é que hoje me parecem bem mais agitados e falantes que há onze anos atrás. São mais dispersos, egoístas, respondões e não largam aquele maldito celular! Os professores evoluíram, apesar de tudo. Meus amigos me parecem mais confiantes, apesar de todas as agruras e sofrimentos, inseguranças dos últimos anos.
A escola brasileira mudou, de uma certa forma. Não sei se foi pra melhor. Hoje está todo mundo lá é verdade. Misturaram-se ricos e pobres, brancos e negros, mais do que em qualquer outra época da história. Essa diversidade é ótima. Mas e o preparo pra isso? Não houve. Não sabemos muito bem lidar com isso. Nem com a inquietude do povo jovem. Nem com o pansexualismo. Nem com bullying. Nem com os alunos inclusos. E eu fui perdendo a paciência e a esperança e me sentindo cada vez mais cansado e impotente diante da situação, e adoeci.
Não sei exatamente que tipo de mal me afetou. No meu caso tem a ver, principalmente com poluição sonora. Aquela gente falando, falando, falando o tempo todo sem parar e eu tendo que gritar pra controlar tudo aquilo. E eu não gosto de gritar enfurecido como fico. Há muita falta de respeito a nós ainda, e de todos os lados. Então eu surtei. É bem verdade, apenas duas ou três vezes, mais fiquei muito nervoso mesmo, como nunca achei que ficaria fazendo algo que sempre amei fazer. Pela primeira vez em 10 anos entrei em licença (só 13 dias), iniciei um tratamento à base de homeopatia incluindo um antidepressivo, e terminei 2010 meio instável ainda. Me estressei em momentos finais também. Andava com protetores auriculares e óculos escuros pra evitar claridade e barulho (e ainda uso, às vezes), mas sobrevivi.
Agora estou bem. Creio que toda pessoa normal e saudável como eu tem que passar por isso para repensar sua prática e recuperar a autoconfiança. Se abalar e cair para se reconstruir. Vejo gente que diz que sempre foi perfeitinho e equilibradinho cometendo atrocidades por aí. Vejo o despreparo de meus colegas pra lidar com esse novo mundo e estou mais solidário a eles do que antes, exatamente porque experienciei o sofrimento do mestre. Não é fácil essa nossa profissão. Somos humanos, falíveis e não devemos nos envergonhar disso. Se hoje já conseguimos todos pedirmos desculpas e nos tratarmos como iguais é porque passamos, juntos, por uma laboriosa fase de crescimento.   
Fotos de dramatizações de conteúdos em historia de 2011 e do corpo docente da Escola Pe. Reus presente na assembleia do CPERS Sindicato em Abril deste ano.

domingo, 1 de maio de 2011

Fundamental

por Lawrence David

Ah, a pureza da antiga quinta série. O 6º Ano ficou difícil ultimamente. Não chegam com leitura boa e nem facilidade de conversar sobre a matéria. Têm medo de tudo. São carentes. Precisam de um pai (mãe) que lhes ensine tudo, escrever, opinar, pensar, refletir, observar, são tão verdinhos e sem experiência. Tudo é uma curiosidade, tudo é novo até que a lentidão deixa de ser tolerada. Falta de atenção e interesse também. Então os travamos. Paramos para que desçam do carro do desespero para a realidade. Nem sempre a reprovação é justa ou resolve. Algum sabidinho educadinho se salva no meio do caminho. Não devemos duvidar da capacidade que as criancinhas tem de se adaptar! E muitos deles passam?!
Na 6ª (7º ano) se acalmam. Se chegaram até aqui é porque são inteligentes. Dedicados sobreviventes aprenderam a enganar o tempo muito bem. Brincam, descobrem, sorriem, buscam inovar, sem perder o rumo. Pra quem foi de raspão aqui é um novo (grande) risco de se perder. Cuidado! A surpresa e o engano espreitam a cada esquina. Mas admiração e pureza ainda se encontram por aí, apesar das tentações. Se as tentações vencem, tudo pode estar irremediavelmente perdido. Ma sempre resta uma esperança quando se ainda é criança.
Na 7ª é o “The Top”. Rubicão da primeira intelectualidade e deveremos ter controle total da turma nessa altura. Se é o contrário, grandes tristezas, stresses e lamentos, que podem até ser construtivos pra próxima etapa. Mas se está na mão é o paraíso! Vamos, meus pupilos, aprender é bom! Devemos nos esforçar pra sermos críticos, sabermos nos comportar vida afora e sermos adultos. Abre o olho, companheiro. O inimigo está em cada canto, esperando pra atacar quando a gente menos espera. Agora é a hora de juntar nosso montinho de conhecimento pra sair vida afora rico … e sábio, ao menos.
8ª. Cuidado, no final, tudo pode mudar, há há há há ha, o inimigo está aqui. Falsa maturidade, perigo da nação. É de pequenino que se torce o pepino. Não te enganes. Não há nada pior do que ser adulto. Mas chega uma hora em que não se pode mais ser criança e o preço é caro. A coisa toda está acabando. Atrás de que máscara vou me esconder agora? Quem sou eu? Para onde estou indo? Eu não posso mais só brincar. A hora é agora. Ponham o dedo aqui aqueles que querem se tornar maduros e felizes. Que querem achar um lugar ao sol pra viver até a velhice tranquila. Acho que, no fundo, todo mundo quer isso. Então trabalhemos. Mesmo que pareça difícil e custoso largar toda essa mordomia. Era hora de se ajeitar.

segunda-feira, 11 de abril de 2011

Amedrontado

por Lawrence David

No dia seguinte à tragédia carioca de realengo senti receio de ir dar aula. Já não vem sendo dos melhores meus últimos tempos como mestre. A inquietude no meio de meus pupilos está cada vez maior. Semana passada as goleiras de futebol de salão foram jogadas em frente à minha porta e tivemos que esperar a polícia chegar e registrar a ocorrência para iniciarmos nossas aulas pela manhã. Os livros e objetos de uma colega foram atirados ao chão, alguns quebrados. Tudo ocorreu pela madrugada quando não há segurança nem vigia. Foi só pular o frágil e baixo muro e … arrombar as portas, arrancar grades cimentos e completar o quadro de estragos. Na outra manhã nossas fechaduras foram entupidas para não conseguirmos entrar, e assim se vai.
Ano passado, algum jovem idiota, publicou através de um orkut hackeado, impropérios contra a minha pessoa. Provavelmente o mesmo imbecil foi lá no meu blog e mandou eu me f.. Ora, isso está virando rotina. Como pode virar rotina a situação fluminense. O assassino inspirou-se em outros acontecidos semelhantes como mostram as cartas deixadas á polícia. Acontecimentos como esse vão se espalhar. E o Bullying vai acabar? Tem, de fato, como controlar? Uma lei basta pra impedir? Na UFRGS os trotes violentos continuam, eventualmente alguém se enfurece e comete loucuras, um bixo rebelde é humilhado até quase a morte ou sérios danos físicos, e acabou? Não, não acabou.
Comoção, esprememos nossos sentimentos, na assembléia do Cpers, sexta-feira fez-se um minuto de silêncio, aliás absoluto, nem suspiros se ouviam. Foi emocionante, estamos todos de parabéns, mas o que faremos concretamente? 10% de aumento não vai melhorar significativamente nossas vidas o suficiente para aliviarmos nossa tensão que eventualmente tensiona nossas crianças. 60 horas de jornada nos faz dizermos besteiras e tomarmos atitudes provavelmente exageradas para com os impertinentes. Mais problemas, parece que vai melhorar? Não vejo luz no fim do túnel.
A educação brasileira vem melhorando, é o que diz o IDEB. Não vem, sabemos, vem piorando. Temos um monte de projetinhos do governo federal, nos mandam revistas e bons materiais, mas a vida do mestre continua muito difícil. Acho que o número de estudantes que gostam de ler e estudar, que têm uma educação mínima e satisfatória proporcionada pelos pais, pelo menos no RS vem caindo, vertiginosamente. Estamos diante de uma geração problema. Alienados, letárgicos, consumistas, mal alimentados (salgadinho e refrigerante), revoltados, hedonistas e egômanos, cada vez mais.
É muito pouco o que vem sendo feito pra melhorar de fato a educação. Ao invés da aproximação e da integração, a distância e o medo, é o que nos resta. Não mais podemos sonhar com um futuro próximo melhor para nossa vida. Aqui no sul governo e sindicato se uniram pra nos dar o que quiserem, de acordo com seus planos políticos pré-agendados e sacramentados na burocracia do partido e, é claro, com a permissão dos empresários. Os mesmos que implementaram e defendiam piso nacional já quando oposição, agora pedem um (longo) prazo para implementá-lo enquanto governo. “Não temos dinheiro”, dizem. Já ouvi isso antes.
Eu creio que jamais, no discurso de um político, haverá grana suficiente para reformar satisfatoriamente a nossa pobre educação, insuficiente educação, medíocre educação. Está nos planos do Brasil ser respeitado lá fora e se integrar na globalização econômica. Não está nos planos investir pesado na educação, nem acabar com problemas prementes como a violência nas escolas e a péssima remuneração dos professores, que não têm direito sequer ao piso que o próprio estado elaborou. Teremos que esperar. Há, sem dúvida, muita comoção, mas pouquíssima ação. E meu medo é que essa atitude revolucionária tão necessária, não chegue nunca.
Vem se noticiando que há vagas no mercado, mas não há mão-de-obra qualificada. O pior não é dito. Que espécie de intelectuais criarão a tecnologia que levará nosso país ao primeiro mundo, se essa galera se emburrece com o superficialismo do dia-a-dia, com o quanto pior melhor, com o preconceito contra o aprender? A legitimação da violência como forma de resolução de problemas fecha a questão no que tange ao que podemos esperar. Tirinhos e mais tirinhos solucionarão tudo, e que aumente a venda de armas pro cidadão se defender.

segunda-feira, 21 de março de 2011

Indignado!

por Lawrence David

Entrei em aula calmo, mas cedo percebi que minha profissão me faz ser inconforme sempre, e disto, sempre resta alguma indignação. Estou deveras desacorsoado por não ter, aqui em minha cidade, uma folga semanal. Até quando os "administradores da educação" vão continuar castigando os mestres? É tão fácil agradar-lhes, mas parece que ninguém gosta mais de vê-los feliz e lhes obriga a sofrer toda a sorte de humilhações, como resistir bravamente aos cocôs de pombas espalhados por todos os cantos, fugir de lâmpadas penduradas quase caindo e fazer horas burras na escola.
Não entendo, nós devemos ser algo muito ruim, mesmo. O que me resta? Reclamar. Mas meu brado gera desconforto em uma sociedade onde só se manda e obedece, e não há ponderações, nem pelos de cima ou de abajo. Sou um a gauche qualquer e tenho que me cuidar pra não ficar muito mal falado, pois o errado sou eu, sempre eu com minha língua solta.
Indignado com gente que ainda defende a energia nuclear mesmo depois de tudo o que está acontecendo no Japão. Em minha eterna paranóia apocalíptica, já vejo metade da terra do sol nascente inabitável por duzentos anos, os pobres nipônicos presos por estarem radiativos e tendo que se contentar com a pobreza do declínio de sua indústria e de comida contaminada. E os ricos de lá o que fazem? Fogem rapidamente e se salvam com suas contas em paraísos fiscais, pagando pro governo sonegar informações.
A Europa e os EUA criam uma guerra, que só é deles por causa do petróleo, colocando a paz mundial em perigo. O Kadafi não é o indefeso Sadam Hussein. Antes ele era bonzinho e até permitiram que vendesse seu ouro negro, venderam armas pra ele e então ... Ele é mortalmente perigoso. Quem vai ficar com o resultado do butim Libiano? Bem fez o Brasil em se abster desse ataque hediondo. Por que não intervém nos inúmeros conflitos étnico-religiosos da África? Porque não tem recompensa, aliás, a grana rola solta pra indústria bélica entupir os paupérrimos e ignorantes exércitos africanos perpetuarem a fome e a desgraça se matando uns aos outros.
Não gostei da aproximação proporcionada pela nossa digníssima presidenta com os EUA. Qual é, esse discursinho do Obama é pra boi dormir. Acho que os cariocas não têm muito senso crítico. Depois de tudo o que eles já fizeram historicamente conosco vamos dar-lhes crédito? É o pré-sal e a água que eles querem! Se vendermos, que seja MUITO caro, no mínimo. Meu consolo é que o Lula não foi nessa pataquada ridícula. Pô, Dilma, não precisava. Tu bem sabes que eles não vão cortar os subsídios agrícolas, nem logo, nem nunca. Pra que se iludir com o cara só porque ele é inteligente, negro e simpático? Pura aparência.