Quem sou eu

Minha foto
Professor, Músico, Audiófilo, Cientista Político, Jornalista, Escritor de 1968.

sábado, 17 de abril de 2010

Violência

Muito tem-se escrito e debatido sobre a violência em sala de aula. O que geralmente é mencionado é o fato dos professores estarem apanhando, sendo desrespeitados, agredidos, humilhados por "bondes” de alunos indignados ou pais defensores da impunidade da comunidade diante das instituições de ensino.

Mas o que desejo comentar são os mecanismos que estão por trás disso, que legitimam a violência como forma de resolver problemas em nossa sociedade.

Para começar, o óbvio, os meios de comunicação estão inundados por violência de todos os tipos. É possível ver-se, na internet, por exemplo, vídeos que mostram espancamentos, assassinatos, humilhações, degolas reais. Isso não parece assustar mais ninguém, na verdade até parece divertir. Virou um brinquedinho com o qual todos se divertem, e mandam, via bluetooth, de celular para celular. Os 15 primeiros minutos de qualquer programa jornalístico de rádio ou televisão também são sangue cru, além dos jornais de mídia impressa que existem quase só pra mostrar isso.

Nem precisamos relembrar os desenhos animados, que ainda assistimos na televisão, onde personagens-ídolo das crianças agem de forma dissimulada, mentirosa, sádica. Os filmes de Hollywood em horário não muito nobre onde jorra ketchup pra todo lado, onde são dados milhares de tiros por minuto.

Mas não é só isso.

A Violência está na música, no homem cuja distração é crucificar as parceiras com muitas traições (quando isso não ocorre na vida real) ou vice-versa. Na letra que diz que "vai traçá”, "vai arrancá", "Vai pagá", "vai pegá", "Vô sentá o pau" e por aí afora.

Está na brincadeira de mal gosto, Bulying nosso de cada dia.

E o que é pior: na paixão e na aceitação das pessoas em falar somente sobre isso, pensar somente sobre isso, morrer de medo sempre e consumir e comer fast food pra se aliviar.

Há ainda aqueles que pregam abertamente a Violência como forma de resolver a violência, o que só pode gerar mais violência. Dá-lhe paulada nos marginais, mata, espanca, como faziam em certo filme, apenas pra extrair informações.

Como professor, vejo colegas que ficam horrorizados com o que acontece com nossa classe, mas não abandonaram as velhas práticas autoritárias da sala de aula: a ameaça, o desrespeito e o pouco caso à cultura, aos direitos e à auto-estima dos estudantes. Somos vítimas, mas é urgente que diminuamos nosso poder bancário (de coerção através dessa moeda que é a Nota) porque agora, a sociedade e esse poder se voltaram, finalmente, contra nós mesmos.

Nenhum comentário: