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Professor, Músico, Audiófilo, Cientista Político, Jornalista, Escritor de 1968.

domingo, 25 de abril de 2010

Responsabilidade

Tudo o que acontece dentro de uma sala de aula, legalmente é, em primeira e última instância, responsabilidade do professor. Negligenciamos seguidamente nosso papel de responsáveis. Por descaso ou incapacidade. Por recalque ou falta de informação. Geralmente, garantimos para nós, apenas o que parece o fruto bom de nosso espaço, mas o mal também é um pouco nosso.

Aquele aluno desinteressado, é ou está assim por quê? Porque não conseguimos atrair sua atenção. Porque não gostamos do seu jeito e então não damos bola para ele. Porque ele não gosta de nós e nada fazemos para mudar isso. A princípio, somos os que devem ter mais capacidade de resolver esses problemas, somos profissionais ou não? Não dá pra fazer uma pergunta amigável a ele? Bater um papinho, ao invés de só despejar informação em cima dele? Dá, só dá. E aí podemos ser positivamente surpreendidos por algo mais interessante do que esperávamos desse “marginal” de nossa classe. Algo ele sempre tem de bom a nos oferecer, mas não nos julgamos responsáveis por isso.

Preferimos delegar à Supervisora, vice-diretora ou orientadora uma responsabilidade que é, em princípio nossa. Somos preguiçosos para isso. Arrastamos para fora de nosso espaço, por medo, insegurança ou falta de capacidade, coisas que nos pertencem e que nos poderiam fazer feliz.

Aí fica aquela pá de gente em segunda época (quá, quá, quá), ou melhor, nos estudos de recuperação. “Ah, mas não estudaram, foi por isso, eu não coloquei ninguém em recuperação, eles é que se colocaram”. Desculpe, isso é apenas parcialmente verdade. De nosso ponto de vista eles não se adaptaram à maneira como ensinamos. Temos uma tendência a culpar o aluno por tudo. Do ponto de vista deles eles talvez não venham entendendo o que tentamos ensinar-lhes. Poucos colegas ainda consideram essa assertiva como válida. E o pior é que eventualmente é a única coisa que explica o que aconteceu de fato. Melhor cumpriremos nossa função se admitirmos nossos erros.

Não dá mais para culparmos única e exclusivamente o mundo exterior, a realidade fora da escola e os alunos pelo fracasso escolar. Precisamos nos valorizar assumindo nossa cota de responsabilidade. Se os alunos evadem, precisamos atraí-los para a escola e não culpá-los, simplesmente, por evadirem. Não temos como mudar tal fato? Sim, podemos tentar, com certeza. Um professor sozinho não pode mais ser o único responsável pela reprovação do aluno. E se ele conseguiu avançar com os outros colegas, é justo o retermos só porque não evoluiu conosco? Não, claro que não. Vamos perdê-lo pro sistema privado ou para uma outra escola e essa injustiça cometida poderá comprometer até nosso emprego. Uma turma a menos por excesso de reprovação é que é antiético, e não insistirmos com um colega intransigente para que flexibilize seu ponto de vista. Mais que isso. Todo colega consciente tem o dever ético de lutar contra os abusos no uso do poder que nos é outorgado, essa sim, é uma missão ética. Essa sim é nossa verdadeira responsabilidade.

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