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Professor, Músico, Audiófilo, Cientista Político, Jornalista, Escritor de 1968.

domingo, 8 de março de 2009

A Economia Globalizada

Por que a Guerra Fria Acabou?

  O Colapso do Bloco Soviético foi, juntamente com a 3ª Revolução Industrial, o acontecimento histórico mais definidor do atual momento da Sociedade Humana. As conseqüências desses dois fatos somados representaram uma mudança significativa dos arranjos políticos e econômicos em um nível mundial. O efeito principal foi uma hegemonização do Capitalismo como único sistema presente, sem inimigos fortemente ameaçadores.

Com a desarticulação da grande alternativa para economia de mercado, a economia socialista, que havia rivalizado em termos produtivos durante quase toda a Guerra Fria, o Capitalismo ganhou um grande espaço. Em menos de dois anos, de forma rápida e quase inesperada, o Bloco Socialista ruiu e no lugar, em muitos casos, se instalou um governo ultraconservador de cunho radicalmente liberal. O Estado soviético que havia sido o pai e mãe de um terço dos habitantes do planeta, simplesmente desapareceu ou foi vendido, inclusive a preços muito baixos. Assim, parcela significativamente grande das populações de dezenas de países passou a um estado de falta de emprego, comida e moradia. Tal contingente populacional tornou-se mão-de-obra barata nos países capitalistas vizinhos, principalmente os da Europa Ocidental, que gozavam de uma situação confortável no cenário mundial, apesar das crises que abalaram a Ásia, especialmente o Japão, em fins dos anos 80.

O Mundo sofria de uma certa desaceleração da Economia, mas ainda havia a garantia direitos relativamente amplos a trabalhadores de nações como a França, a Alemanha Ocidental, Itália ou mesmo a Inglaterra que sobrevivera ao Furacão Tatcher. Os empresários europeus não demoraram a perceber que poderiam obter mais lucro se substituíssem a velha mão-de-obra bem assegurada socialmente por outra, que tinha uma certa qualificação, e que estava desesperada pela situação em que se encontrava seu país de origem. Com a intensa migração do leste para o oeste europeu, as empresas européias investiram na substituição dos franceses pelos búlgaros, dos alemães pelos russos ou bielorussos, e assim por diante, variando em maior número de lugar para lugar. Isso gerou desemprego também na Europa Ocidental, sendo que fenômeno semelhante ocorreu, ao longo dos anos 90 com os Estados Unidos em relação ao México ou sul americanos.

Além disso a Revolução Científico-Tecnológica, a introdução da tecnologia digital em todos os setores da vida humana, provocou, inicialmente, efeitos econômicos, com implicações sociais e políticas: a substituição crescente, principalmente na indústria, de trabalhadores por máquinas e robôs. As Indústrias automobilísticas, por exemplo, que já haviam sustentado a economia de centenas de cidades ao redor do mundo, passaram a cortar o número de empregados em quase 1000 por cento, gerando miséria. Acrescido a isso, com o capitalismo em franca expansão liberalizante, empresas de todos os continentes, passaram a procurar em áreas de todo o globo por trabalhadores baratos, se possível até escravos, ou crianças, sem direitos trabalhistas quaisquer.

Tais acontecimentos resultam em uma “Nova Ordem Mundial”, de recessão, emperramento econômico, grandes dificuldades sociais e o ressurgimento de conflitos éticos-raciais por todo o globo, com implicações em grandes guerras, que estão entre as mais cruéis da História.

 

A Nova Ordem Mundial

 

Os Estados Unidos ressurgem com única superpotência em início dos Anos 90. Em 1991 receberam amplo apoio da Onu e Otan na Guerra do Golfo, quando se aproveitaram para ampliar sua influência geopolítica na região. Jactaram-se como grande nação econômica e política até meados da década de 90, ampliando sua esfera de influência por todo o globo terrestre. O (neo) liberalismo defendido por Reagan e Tatcher nos anos 90, ampliou seu alcance, se tornando a principal ideologia em nível global. Os mercados, principalmente de países subdesenvolvidos se abriram para a exploração tecnológica e econômica de países mais ricos, ampliando a situação de pobreza e concentração de renda em nível global. Mas esse fenômeno tornar-se-ia mais complexo a partir de meados da década. Após mais de 200 anos de estabelecimento, a ordem anglo-saxônica foi desafiada como hegemônica pois o desenvolvimento asiático capitaneado pela China atingiu um patamar competitivo em relação à economia norte-americana, dando condição aos Chineses de desafiarem a ordem em termos políticos. Acresce-se a isso a lenta recuperação da Europa e da Rússia.

A China consiste em um modelo alternativo, cuja organização societária é parcialmente contraditória ao liberalismo individualista ocidental, gerando um universo social diferenciado. Os analistas não ousam mais chamar de fenômeno embrionário de modelo híbrido – interno e externo ao sistema, socialista e capitalista ao mesmo tempo – com autonomia político-militar. O Poder e as altas taxas de crescimento chinês são uma realidade marcante hoje, bem como a independência da Europa em relação à mundialização do capital (tornando o Euro candidato a moeda forte). A conseqüência é uma  espécie de Choque de Civilizações, com o esgotamento do ímpeto expansivo do ocidente.

Os Anos 90 começaram com as promessas de tempos melhores, com mais justiça social, mas o que se viu foram alguns dos conflitos que estiveram entre os mais violentos e brutais do século XX; conflitos étnicos e generalizados; ao fim da década já havia uma redução na apologia ao liberalismo que reinou absoluto logo após o fim do socialismo real. Em 2008, a nova grande crise do capitalismo, que já está sendo comparada com a de 1929 (é até pior) espera-se um arrefecimento do neoliberalismo e uma maior proteção dos países às suas economias internas, reduzindo a velocidade da globalização.

O Fim da Bipolaridade destruiu a ordem estruturada em Versalhes e Ialta, fazendo o mundo retroceder politicamente a um contexto semelhante a 1914. Emergiram os conflitos violentos. O Iraque invadiu o Kuwait, a OTAN (Organização do Tratado do Atlântico Norte) invadiu o Iraque; ocorreu o desmantelamento da Iugoslávia, ressurgiu a instabilidade entre Árabes e Israelenses, começaram as pressões ocidentais para que o Irã se integre ao bloco capitalista, o sul da África está aparentemente mais estável após o fim do Apartheid. Simultaneamente reaparecem as tendências regressivistas, os micronacionalismos, a xenofobia, o neonazismo, as crises sócio-econômicas, diminuindo a margem de ação dos governos continuamente. Os extremismos surgem como resistência dos desesperados que já perderam tudo com a globalização e o neoliberalismo.

O Desemprego estrutural é uma realidade em todo o planeta. Ocorreu uma drástica redução dos postos de trabalho, acompanhada do crescimento de setores de ponta, que empregam tecnologia avançada. A concentração de renda atingiu níveis alarmantes. Segundo o PNUD (Programa Nações Unidas para o Desenvolvimento), em 1992, 82,7% da riqueza estava na mão dos 20% mais ricos, e 1,4, na mão dos 1,4% mais pobres; em 1996, 85% está na mão dos 20% mais ricos. Isto representa um bilhão de pessoas sem lugar no mundo capitalista, excluídas da economia mundial. Obviamente, só poderia esperar-se reações perigosas e desesperadas por parte dos perdedores devido à grande exclusão social, uma espécie de Apartheid globalizado.

A Primeira década do Novo Milênio está sendo decisiva politicamente na medida em que agudizam as tensões surgidas no decênio anterior. Os rumos das relações internacionais já estão mudando: China, Rússia e a Franco-Alemanha resolveram desafiar a grande potência Estados Unidos. Na segunda Guerra do Golfo isto, já ocorreu. Depois do 11 de Setembro, os norte-americanos, cuja economia está fortemente ameaçada pela concorrência, partiram em uma “guerra contra o terror”, cujo verdadeiro objetivo é o de ganhar fôlego econômico através de uma política essencialmente belicista. Na Invasão do Iraque, em 2003, A OTAN, toda poderosa organização militar dos países do hemisfério Norte, ficou dividida. Poucos aliados ousaram apoiar os EUA. No Afeganistão, um pouco antes, ocorreu fenômeno semelhante.

Apesar disso, os Estados Unidos ainda detém o controle financeiro do planeta porque seu governo representa as megaempresas que controlam o comércio e a produção internacional. Ao mesmo tempo, são a grande potência militar, a qual ninguém até agora ousou desafiar diretamente, Estão, continuamente, em busca de “espaço vital” para a expansão. Durante o governo Bush filho tiveram amplo apoio Inglês e de sua própria população. Os alvos potenciais são os países terceiro-mundistas da Ásia e da América latina, acusados de terrorismo e passíveis de uma intervenção a qualquer momento, ainda que sem o aval dos inspetores da ONU e do Conselho de Segurança da entidade. Internamente, entretanto, a superpotência enfrenta um desemprego estrutural, uma crise financeira sem precedentes e uma concentração de renda ainda maior. Simultaneamente, sobretudo após a nova invasão do Iraque com o número elevado de mortes de soldados enviados e residentes no Golfo Pérsico, surgiu um novo pacifismo emoldurado pelo mais esmagador apoio popular da história com repercussões por todo o mundo. Aos poucos, o governo viu-se encurralado entre as dificuldades econômicas e as pressões políticas. Bush não conseguiu eleger seu sucessor e Barack Obama recolocou os Democratas no poder após 10 anos de predomínio republicano.


O Aprofundamento da Globalização

 

A Globalização foi o elemento central da História mundial dos anos 90. Com o aumento da concorrência, uma maior competitividade multiplicada e condicionada pela 3ª revolução Industrial, também chamada de Revolução Científico-tecnológica, houve um aumento do comércio internacional num percentual superior ao aumento da produção e do comércio dentro dos países.

O atual impulso globalizante começa nos anos 50, com a expansão de empresas multinacionais, as grandes corporações, em uma organização internacional em que os benefícios dessas empresas saltam por cima das barreiras dos estados nacionais. A Globalização é penetração do capitalismo em extensão, sobretudo após o colapso do bloco soviético, no leste, no terceiro mundo e em sociedades arcaicas, pois a partir daí não há alternativa ao capitalismo. Sua penetração se dá também em profundidade, pois qualquer valor não-capitalista é desimportante. Nas sociedades globalizadas os valores são os do total individualismo. Economicamente, o discurso é o do Mercado e o principal agente são os investidores que aprovam e desaprovam regimes, movimentando especulativamente suas fortunas. A  finaceirização – aprofunda-se. Os bancos e os setores produtivos confundem-se cada vez mais e há uma anonimização do controle do capital. Cada vez mais uma minoria, os donos das 20 maiores empresas do mundo, controlam o planeta. O território de todo o globo terrestre ocupou o lugar do antigo Estado-nação cujos limites em expansão eram as fronteiras do próprio território nacional. A antiga burguesia nacional concede o lugar às magacorporações. As megafusões concentram capitais e poder econômico com nunca antes ocorreu: empresa e empresa, laboratório e laboratório, banco e seguradora, indústria e televisão, Frankensteins que dirigem bancos, setores de serviços, indústrias, agronegócios, extração de matérias-primas e redes de comunicação (é o fim da Imprensa Livre). A Mobilidade Predatória compensa a queda dos lucros. O lucro agora provém do capital especulativo que suga as economias impondo os altos juros e some da noite para o dia quando o risco-país dispara. Os Estados Nacionais ainda se sustentam com algum poder político, mas economicamente, cada vez mais, dependem do capital financeiro.

 

O Neoliberalismo


É uma corrente de opinião econômica que pregou, com sucesso, a remoção de barreiras inerentes à soberania dos Estados-nação com um discurso livre-cambista ao longo dos últimos 20 anos se tratando de um ferrenho antiestatismo. A ideologia neoliberal acabou, defendida por grupos de intelectuais burgueses desde os anos 50, não ficando só no papel. Com o fim da U.R.S.S. e a inexistência de uma alternativa plausível ao capitalismo, o que se sucedeu foi a adoção por governos de todo o mundo de medidas neoliberais: privatização de empresas nacionais, políticas explícitas de redução de salários, eliminação de postos de trabalho e o esmagamento de direitos sociais conquistados com imensos sacrifícios ao longo de mais de um século, o desmantelamento dos sindicatos.

A criação de um exército de desempregados enfraqueceu ou mesmo destruiu as bases operárias organizadas. A fome e a recessão, desemprego crescente geraram conflitos sociais violentos e generalizados. Toda a difusão e implantação de regimes que adotaram a doutrina neoliberal se deu com amplo apoio da grande Mídia Ocidental que representa as grandes corporações. Há que se destacar o importante papel representado por organismos como o FMI (Fundo Monetário Internacional) e o Banco Mundial, que, ao socorrerem países desesperados por crises financeiras, impõem um alto custo social. Mais recentemente também, a OMC (Organização Mundial do Comércio) passou a se constituir em mais um elemento de pressão dos países centrais aos emergentes e subdesenvolvidos, com os acordos de comércio internacional que reduzem crescentemente os subsídios governamentais como incentivo à produção e forçam a abertura aos mercados hegemônicos liquidando barreiras alfandegárias, principalmente em países periféricos. Os estragos feitos nas economias dos países com experiências neoliberais foram grandes. As causas gerais são uma espécie de crise da civilização após o fim da URSS, e a luta pelo controle social dos efeitos desagregadores da revolução científico-tecnológica sobre a produção, a sociedade e as relações internacionais. Como ações defensivas, os países operaram integrações supranacionais em escala regional e discurso livre cambista criando os Blocos Econômicos.

O Neoliberalismo nas Nações Hegemônicas fez sua estréia na Inglaterra, a primeira das Nações mais ricas do globo a sofrerem os efeitos da ideologia neoliberal. O Governo de Margareth Tatcher, a “Dama de Ferro” usou os expedientes da contração monetária, aumento das taxas de juros, diminuição dos impostos sobre as grandes fortunas, aboliu os controles sobre os fluxos financeiros criando desemprego massivo. Aplastou greves impondo uma nova legislação anti-sindical ao mesmo tempo que cortou gastos sociais. Já  nos EUA o governo de Ronald Reagan operou dentro de uma diferente perspectiva, uma vez que o país não possuía propriamente um estado de bem estar social similar ao europeu. Reduziram-se os impostos aos ricos e elevaram-se juros, sem respeitar a disciplina orçamentária, gerando o maior dos déficits públicos conhecidos até então, aprofundado pela ferrenha corrida armamentista.

Na América Latina Cuba resiste à penetração do capitalismo e mantém seu regime socialista que ainda possui alguns dos mais elevados índices sociais do continente, sobrevivendo através da exportação de produtos primários. Recentemente, com a substituição de Fidel Castro por seu Irmão Raul, a economia da ilha parece não resistir mais à pressão do capital e à globalização, pressionada pela insatisfação interna. Nos anos 90, a América foi tomada pela onda neoliberal, decantada como “o único caminho a ser seguido” com amplo apoio midiático e aquiescência eleitoral das classes médias. O exemplo mais antigo de neoliberalismo é o Chile de Pinochet, considerado um pioneiro no ciclo Neoliberal da História Contemporânea. Além da desregulação e do desemprego massivo, houve severa repressão sindical, concentração de renda e larga privatização dos bens públicos.

Na década de 90 as empreitadas neoliberais atingiram quase todos os outros países, começando pela Argentina de Menem, O Peru de Fujimori e o México de Salinas. A conseqüência do decênio Menem (89/99) foi aquilo que conhecemos: a mais brutal crise econômica, política e social da História Argentina. O caso peruano foi enigmático politicamente porque deu poderes ditatoriais a Fujimori, acima do próprio Parlamento, criando uma espécie de “Ditadura Tardia”. Já o México foi “anexado” como um sócio menor do NAFTA (North Americam Free Trade Area – Área de Livre Comércio da América do Norte) com a costumeira crise social. Não escapou desse ciclo o Brasil que desde o governo de Fernando Collor de Mello (1990/1992), passando pelo ano e meio de Itamar Franco e, principalmente, os oito anos de Fernando Henrique Cardoso (1994/2002) teve um considerável dilapidamento do patrimônio estatal, aumento da taxa de Juros (a mais alta do mundo), aumento das dividas internas e externas, aumento do desemprego em quase 200%, dependência do capital especulativo, etc. Assistimos, estupefatos, à alta criminalidade e a violência social. Observamos as revoltas populares na Argentina, Bolívia, Venezuela, Haiti e Equador e o surgimentos de Movimentos de Guerrilha organizados e que conquistam territórios livre como o dos Zapatistas no México e as FARC (Forças Armadas Revolucionárias da Colômbia) na Colômbia.

Na antiga União Soviética e Leste Europeu, o neoliberalismo fez-se conhecer após a queda da URSS, que ocorreu justamente em um momento em que a ideologia chegara ao seu limite nos países de capitalismo avançado. Não houve neoliberais mais intransigentes do que os “reformadores” do leste. Essas lideranças preconizaram e realizam reformas mais rápidas e mais profundas dos que as que haviam se realizado no oeste. O resultado é uma brutal crise econômica com conseqüências sociais drásticas e imprevisíveis. Nove dos quinze países da ex-URSS tiveram taxas de inflação superiores a 1000% em 1993. O índice médio de queda do PIB foi de 15% no mesmo ano. A queda da produção no período dos dois anos anteriores foi de 38%. Um grande contingente de desesperados começou, então, sua tarefa de migração para países do oeste. A ressignificação brusca do papel do estatal se reflete no sucateamento do próprio estado. Moscou repassa para a China, Irã e potências médias, armas modernas e tecnologia espacial, nuclear e de mísseis. Há um êxodo de cientistas, contrabando ilegal de armas e plutônio, e poderosas máfias internacionalizadas. Os impactos sociais causados pela entrada de novos estados na economia de mercado originaram os nacionalismos xenófobos, separatismos étnico-regionais e movimentos de extrema-direita. O melhor exemplo é a Iugoslávia que se dividiu em Eslovênia, Croácia (as primeiras a se tornarem independentes), Bósnia, Sérvia (crise das províncias étnicas como o Kosovo) e Montenegro, além da Independência da Macedônia. Os neocomunistas moderados voltam ao poder em 1993, como conseqüência das desastradas “adaptações ao capitalismo”. Hungria, Polônia e Lituânia se converteram a Social-Democracias para entrar na União Européia.

A Formação de Blocos Econômicos e a nova correlação de forças

Há uma tendência Multilateral  que presenciamos nestes tempos de Globalização, um aumento da competição entre os vários pólos do Capitalismo mundial de uma forma radical. Transitamos de uma situação onde só havia dois blocos – um socialista e um capitalista – para uma onde há várias vertentes de poder econômico e político. Há várias nações com grande potencial que procuram sutentar-se na criação de Blocos como o NAFTA (área de Livre Comércio da América do Norte), o Mercosul e a União Européia, são os Megablocos, que se baseiam na liberação comercial entre países, articulada através de um protecionismo regional. Neste sentido, são estágios intermediários entre o nacional e o global com a redução dos papéis dos estados nacionais. 85% das trocas mundiais já ocorrem sob alianças pré-estabelecidas.

Aos poucos, vimos ressurgir um Multilateralismo. Os EUA, como estratégia preferencial disponível, têm a atração para a América Latina através da implantação de uma área de Livre Comércio hemisférica que é fundamental para a economia norte-americana se tornar competitiva (a ALCA). Para tal feito, os EUA adotaram a Estratégia da Lagosta: o Nafta é a cabeça, a América Latina e o Mercosul, o rabo, a retaguarda, a reserva de recursos, e as garras se projetam sobre o Pacífico (Tigres e China) e o Atlântico (Europa). Voltam-se também para o Petróleo e o controle geopolítico do oriente médio, colocando no “eixo-do-mal” qualquer nação do leste que tenha tendências comunistas ou anti-capitalista, seja de cunho étnico ou religioso. É o conflito de interesses entre ricos e pobres travestido ideológicamente.

Com o desmantelamento da bipolaridade a tendência predominante foi, em princípio, um arranjo monolateral. Os EUA não possuíam um adversário à altura no início dos anos 90. Mas em meados da década, o panorama começou a mudar. Geopoliticamente o globo assumiu uma feição multipolar, a partir de um período de transição, pós-hegemônico. Os pólos econômicos e políticos Ásia, EUA, União Européia, enfrentam uma tensão crescente entre si, conforme já mencionado no início do texto. No caso dos EUA, a fraqueza econômico-tecnológica foi compensada pela superioridade nuclear estratégica, intervencionista e diplomática, além do domínio dos organismos internacionais financeiros e o desrespeito crescente às posições asuumidas pelo organismo idealizado por ele próprio, a Organização das Nações Unidas.

A União Européia é a Europa dos 15, dos 22, depois dos 30 países, cuja integração está intimamente ligada à Guerra Fria (oeste-européia). O fim desta gerou instabilidade: migrações, fragilidade político-social, antagonismos regionalistas, desequilíbrios macroeconômicos, xenofobia, nacionalismos, ressurgimento da extrema-direita, altas taxas de desemprego, desgaste dos sistemas políticos. Como salvaguarda, ¾ do comércio ocorre entre eles próprios. Representam uma resistência ao dinamismo asiático, poderosa e complexa, diversificada e quase auto-suficiente. São potencialmente responsáveis por reações neo-hegemônicas à declinante economia norte-americana. Mas os países membros “menores” são obrigados a fazer severos ajustes para integrarem-se, evidentemente em situação desfavorável. Tal situação agrava os conflitos sociais iniciados com as migrações e a “invasão dos países do oeste” (sócios majoritários), dentro e fora destes.

No Condomínio franco-alemão, a Alemanha é o parceiro econômico e a França o estratégico-miltar. O nacionalismo francês gera intervenções na África com o apoio ao governo Argelino que luta contra os fundamentalistas, retoma testes atômicos no Pacífico, voltando a participar da OTAN (1995), além de promover um retorno da extrema-direita de Le Pen em 2002. Recentemente, grandes parcelas da população francesa realizaram protestos contra reformas de legislações e na educação de cunho neoliberal. Já a Alemanha Federal adquiriu um grande peso econômico e demográfico na Europa, desequilibrando a integração. Com a tual crise, em virtude dela ser um pólo tecnológico, este país passará por um ciclo de grandes manifestações de rua como protesto às demissões em massa geradas pela redução drástica da produção industrial.

 A Inglaterra tem adotado uma postura pró norte-americana, pois possui intimidade econômica com o Tio Sam. Há uma pressão norte-americana que vem ocorrendo desde a cooperação da União Européia com o Mercosul e o leste asiático, e também com a criação da moeda, o Euro, em 2002. Assim, este país vem optando em atrasar a unificação européia para não perder tradicionais parceiros mais ricos e poderosos como os EUA.

 A Europa foi obrigada a arcar economicamente com a inclusão dos países socialistas. A subordinação à política global norte-americana tem gerado enormes dificuldades para articulação de políticas autônomas; estão sempre seguindo os EUA ou os Tigres. Apesar das dificuldades, podemos considerar a União Européia como o mais autônomo dos blocos, possuindo vínculos privilegiados com países da África-Caribe-Pacífico. Existe também, a projeção Alemã para o leste ampliando o espaço comunitário.

A Bacia do Pacífico é uma região cujo centro da dinâmica econômica é formado por China, Japão e Tigres Asiáticos (Tailândia, Indonésia, Coréia do Sul, Malásia, Taiwan – ex-Formosa – e Filipinas). Juntos, podem ser considerados como o pólo mais promissor do mundo capitalista.

·   Japão  Tóquio recebeu apoio norte-americano para reconstruir-se pós Segunda Guerra, ajuda que nos outros países do bloco foi mais tardia e em menor escala. A valorização do Ien deu-se através da transferência de setores industriais dos japoneses aos Tigres e também devido aos vários superávits obtidos no fim dos anos 80. A alta produtividade nipônica tem sua origem no método Kanban de gerenciamento, cujo alicerce é a extensa jornada de trabalho. Seu apogeu se deu em fins dos anos 80, mas as crises na economia mundial no início dos anos 90 colocaram a economia nipônica em grave crise que ainda não foi superada. Segundo PIB do mundo, os japoneses são uma das nações mais tecnológica e socialmente avançadas do planeta.

·   Tigres e China – De apoiadores da China, os Tigres passaram a concorrentes, estendendo o processo Cino-Coreano-Nipõnico ao sudeste asiático. Esta é a região que mais cresce economicamente no mundo, em torno de 13% ao ano, nos primeiros anos da década de 90, com oscilação, mas sempre mais que os EUA e aliados, que retiraram as vantagens concedidas à região (a resposta foi a asianização do desenvolvimento). A crise japonesa em meados dos 90, provocou um terremoto financeiro nos tigres mais dependentes (Tailândia, Indonésia e Coréia do Sul), causando a compra de empresas a baixo preço e pressões para a fragmentação da China e contra a Indonésia. A região apresenta um promissor crescimento, comparado à lentidão da produção no Atlântico Norte

 

Os EUA consomem cada vez mais mercadorias industrializadas, vindas da Bacia do Pacífico, endividando-se interna e externamente. Clinton chegou ao Déficit 0, com algum crescimento econômico. O que fez foi uma reorientação econômica através de uma redução de despesas armamentistas. George Bush voltou a lógica do investimento em armamentos, principalmente após o 11 de setembro, tornando mais contundente a política intervencionista militar de seu antecessor, obviamente com fins econômicos, fenômeno que parece ter se esgotado, haja visto sua derrota eleitoral. Qual será a política de Obama? Provavelmente, pelas primeiras medidas, além de um auxílio ao setor privado, o corte de gastos públicos e o retorno ao velho “New Deal” investindo o dinheiro governamental e a poupança privada em obras públicas para gerar empregos, principalmente de infraestrutura, movimentando a roda da economia, sem medo da inflação, que certamente virá. Muito diferente de Bush, que não se importou com o déficit crescente e apostou tudo na aquiescência do povo americano à “Guerra contra o Terrorismo”.

No caso do Mercosul, originalmente era a integração do Brasil e da Argentina desde a Segunda metade dos anos 80, se aprofundando a partir do governo Collor em 1991. Posteriormente, a inclusão do Uruguai e do Paraguai fez despencar as tarifas no Brasil e na Argentina. Agora entrou a Venezuela do Chavez, o Equador, e a Bolívia do Evo Moralez. Tudo para tentar escapar da ALCA, que seria o Mercosul sob direção norte-americana. A União Européia pressiona pela permanência do Mercosul, que desafia os EUA e a ALCA através do reforço Venezuelano e Boliviano. Trata-se da expressão econômica de um novo panorama político: Uma América menos submissa desponta nos governos de Hugo Chavez, Nestor Kirchner (agora Cristina, a esposa) e Evo Moralez – e a decepção relativa do de Lula.


A Transnacionalização da Produção


 que compramos no supermercado hoje e nos últimos anos, foi fabricado onde? Para onde serão vendidos produtos fabricados no Brasil? Se vende em todos os lugares e cada uma das partes dele pode ser feita em uma parte diferente do mundo. Por que isso está ocorrendo? Porque exportar é atividade paga em dólares, que é a moeda preferida dos investidores, sendo considerada “a mais segura”, mesmo sendo os EUA a nação com a taxa de juros mais baixa do mercado. O Euro, por causa da situação dos EUA, parece estar subindo de cotação, nesse sentido. Ocorre também uma intensificação da produtividade com o aumento de lucros dos empresários internacionais. Alguns expedientes usados são a existência de paraísos fiscais e o uso de mão-de-obra infantil e escrava. A quebra dos direito trabalhistas, com a assinatura de contratos individuais e o conseqüente sucateamento dos sindicatos ocorre justamente porque o fim do trabalho no país significa que os postos de trabalho foram perdidos para uma outra nação. Aparece uma Nova Divisão do Trabalho, baseada na terceirização da mão-de-obra, conseqüência do fim dos direitos sociais. Ocorre uma desterritorialização da produção com a queda dos salários em todo o mundo, empregos a um custo menor para o empregador, o que ajuda, junto com a tecnologia, a eliminar postos de trabalho. A mudança interna nos países é para um Nova Divisão do Trabalho Internacional onde nações emergentes perdem espaço para as mais desenvolvidas e poderosas que têm mais condições de se adequar rapidamente às novas condições.


O Mundo Atual


Em fins dos anos 90, despontam Forças anti-neoliberalismo. Com a redução de poder do estatal e a euforia privatizante, ocorreu um ressurgimento da Sociedade Civil organizada como protagonista social, ocupando um espaço que antes ficava mais na esfera do Estado, agora, no “mercado”. As ONGs, o chamado “terceiro Setor”, representam interesses que, por décadas, ficaram fora da ordem do dia no âmbito governamental: preservação ambiental e desenvolvimento sustentável, segurança alimentar e direitos humanos, justiça social e distribuição de renda, psicologia escolar, uma série de “novos” assuntos na pauta política, que representam, na prática, novas estratégias populares frente à globalização. O Fórum Social Mundial, por exemplo, realizado em Porto Alegre e outras partes do mundo no mês de janeiro, representa certa persistência, uma pedra no sapato na agenda dos grandes organismos internacionais cujos interesses estão melhor representados no Fórum Mundial de Davos, na Suíça. No Plano de Relações internacionais, abre-se um espaço, tanto em países orientais, árabes ou Islâmicos, além dos sul-americanos, para adoção uma política externa agressiva, a articulação de organismos contra-hegemônicos como o G20 em oposição ao G8, questionando os princípios da ALCA impostos polo Tio Sam e protestando junto à OMC contra os subsídios agrícolas mantidos e até ampliados pelos EUA. A Questão é a seguinte: o Neo-intervencionismo belicista de Bush foi causa para a reação ou já é ele próprio uma conseqüência para o crescente desafio da periferia, do oriente e mesmo da Europa ao seu Domínio?

Entramos no novo século abalados visualmente pelo 11 de Setembro que alicerçou o neo-fascismo republicanista de George W. Bush. Assistimos não só a falência dos acordos diplomáticos, mas à impossibilidade da contenção do neo-expasionismo militar norte-americano por forças pacifistas ou de organismos internacionais. Esta nova tensão entre uma política crescentemente impositiva e o despertar de forças sociais de cunho diverso como reação à mesma é o momento vivido pelas relações internacionais. É um agravamento das condições sociais, políticas e econômicas (por que não ecológicas?) que aponta para um tensionamento que pode levar o mundo a um conflito generalizado.

A recente crise nos impulsiona, mais uma vez para questionamentos à ordem vigente que vão de enconto ao mundo recentemente parido da globalização. A ameaça de um colapso ambiental e o hiper-desemprego rondam a mente de quem habita esse planeta. O que vai acontecer? É impossível prever com segurança. Uma terceira guerra mundial? Já a vivemos, não há um continente do mundo onde sangrentos conflitos estejam sendo travados nesse exato momento. Uma coisa é certa: pode ser que esses impasses que nos impelem ao desespero gerem uma nova era onde os donos do mundo sejam obrigados a repensar seus valores, sob pena de terem suas próprias condições hegemônicas ameaçadas. Fora isso, devemos sair dessa passividade e fazer alguma coisa, antes que seja tarde demais.

 

Filmografia

 

“Faça a Coisa Certa”, “Mera Coincidência”, “O Santo”, “Independence Day”, “Matrix”, “Profissão de Risco”, “Traffic”, “O Quarto Poder”, “Supersize Me”, “Baby, o Porquinho Atrapalhado”, “O Informante”, “Cães de Aluguel”, “Todos a Bordo”, “O Ódio”, “Pulp Fiction”, “O Show de Truman”, “Denise Está Chamando”, “O Declínio do Império Americano”, “As Invasões Bárbaras”, “Jesus de Montreal”, “Gattaca”, “Robocop”, “O Dia Depois de Amanhã”, “O Clube da Luta”, “Um Tiro no Coração”, “O Senhor das Armas”, “O Dia Depois de Amanhã”, “Uma Verdade Inconveniente”, “Uma Noite no Museu”.


Plano de Estudos sobre “A Nova Ordem Global”

 

1. Explique que acontecimentos recentes mudaram a correlação de forças política implicando em uma “Nova Ordem Mundial”;

2. O Que é Globalização e quais suas características?

3. O Que é Neoliberalismo e quais suas características?

4. Quais as conseqüências sociais do Neoliberalismo e da Globalização?

5. Por que, quais são e como se formaram os “Blocos Econômicos”?

6. Em Termos de “polaridade”, quais são as tendências existentes no mundo hoje?

7. Disserte sobre o Mercosul, a União Européia e a Bacia do Pacífico: com são estes Blocos Econômicos?

8. O que é Transnacionalização da Produção?

9. De que forma a globalização e a nova ordem mundial afetam sua vida, da sua família e de seus amigos e parentes?

10.                  Disserte, faça suposições sobre o que pode ocorrer no início desse novo milênio em termos de política internacional;


Referências Bibliográficas

 

ANDERSON, Perry. Balanço do Neoliberalismo. In: SADER, Emir. Pós-Neo Liberalismo. p.9-23.

 

RIBEIRO, Luiz Dario. Globalização e Neoliberalismo. Porto Alegre: palestra ministrada no I Seminário Folha da História – Conflitos do Pós-Guerra Fria”, 2000.

 

VICENTINO, Cláudio. História Geral: ensino médio. São Paulo: Scipione, 2000.

 

VIZENTINI, Paulo Fagundes. História do Século XX, Porto Alegre: Novo Século, 1998; cap. Rumo ao Novo Milênio: de 1991 a nossos dias, p187 – 218.

 

 

 

4 comentários:

Chore meu bem disse...
Este comentário foi removido pelo autor.
Chore meu bem disse...

assista o
documentário "Encontro com Milton Santos ou o mundo global visto do lado de cá"

bjos Paola

Juliana disse...

Oii sor!
Legal criar um blog p postar uma parte do nosso conteúdo do ano!
Beeju e bom findi!

tua aluna Juliana-233, ou Juu Cullen (rsrsrsrs)

Lawrence David disse...

Que bom que tu gostou, Ju, eu fiz pensando em meus alunos. Quando der leia e comente os outros textos. Bjs.