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Professor, Músico, Audiófilo, Cientista Político, Jornalista, Escritor de 1968.

domingo, 22 de março de 2009

O Século XX

O Século XX, parte 1


                O século XX representa, em termos históricos, uma fase de maturidade do sistema capitalista. Simultaneamente, três grandes desafios a este sistema: o primeiro foi os sistemas totalitários, que dentro do capitalismo, o questionaram em sua forma mais pura e inicial, o liberalismo. O segundo desafio, externo ao sistema, foi o advento da União Soviética, que representou, ao longo de um período denominado de “Guerra Fria”, um desafio ao mundo do capital. E o terceiro é o desenvolvimento asiático cuja natureza é mista: embora a China e os Tigres Asiáticos sejam competitivos dentro do Capitalismo, em termos políticos representam uma alternativa externa, sobretudo no caso Chinês, cujo modelo societário é alternativo ao da cultura judaico-cristã, ocidental e eurocêntrica.
                O século mais importante da História até então, chamado de “breve” por alguns historiadores e de “longo” por outros, foi um período em que a humanidade viveu acontecimentos sonhados por séculos. O Ser humano conseguiu ir ao espaço, e produziu tecnologia e arte como nunca imaginados. Foi, paradoxalmente, o período marcado pelas grandes guerras que mataram uma quantidade de seres humanos inacreditável, acontecimentos que culminaram com a criação da Bomba Atômica, testada em Hiroxima, prova de quão longe em termos bélicos e auto-destrutivos o homem chegou. De uma certa forma, é uma perversão dos ideais que acompanharam a criação do mundo do século XIX, do liberalismo, do fim do antigo regime, do iluminismo e da modernidade.
                Com a revolução industrial de 1870, novos países competidores surgiram, com a adoção do paradigma fordista, gerando um desgaste da hegemonia inglesa, acirrando o imperialismo e arrastando o mundo para as guerras, estimulando o socialismo e criando uma alternativa ao sistema capitalista através da revolução Russa, e gerando a Grande Depressão e a Crise de 1929, além de estimular o aparecimento dos Fascismos.
                Durante a Guerra Fria, o Sistema Capitalista se manteve estável devido sob os paradigmas Keynesiano e Fordista, sob a égide dos EUA ou “Pax Americana”, com uma internacionalização comercial e financeira. Mas com a proximidade do fim do sistema bipolar e a mudança do paradigma contífico-tecnológico a partir dos anos 70, ruma-se para um sistema internacional do tipo pós hegemônico onde os elementos centrais são a Globalização, a formação de Blocos Regionais, uma certa instabilidade estrutural, uma competição econômica acirrada com o reordenamento da política internacional. Desta forma, no fim do século e início do novo milênio assistimos a um declínio gradativo da expansão ocidental, iniciada há cinco séculos, e freada pela emergência da Ásia oriental e da luta pelo domínio e acomodação dos agentes condicionantes dos paradigmas da revolução Tecnológico-industrial, com implosão de estruturas pré-existentes.

Imperialismo

                Termo cunhado pelo economista Hobson em 1902, cuja definição é “excedentes de capitais para exportação nas metrópoles sendo decorrente da concentração de renda”. Para Lenin o Imperialismo é “uma etapa superior do capitalismo” cuja definição é “concentração da produção e dos capitais, que conduziram aos oligopólios, fusão do capital bancário e industrial, gerando capital financeiro, a exportação de capitais, a associação dos grandes monopólios econômicos que repartiram o mundo e a conquista e divisão dos territórios periféricos pelas grandes potências, criando imensos impérios coloniais”.
                A denominação abrange um período histórico que vai desde a década de 1870 até o contexto da 1ª guerra mundial, quando os antigos impérios coloniais e a Pax Britânica entram em colapso, sendo desbancados pelos Estados Unidos. O final do século XIX foi marcado por grande desenvolvimento tecnológico (a Segunda revolução industrial) que só foi possível pelo próspero acumulo de capital propiciado pela fusão dos setores bancário e industrial e a formação dos mono e oligopólios, onde uma ou poucas empresas controlam grande parte dos setores produtivos da sociedade e assim investem para expandi-lo tecnologicamente.
                A descoberta e uso da energia elétrica – e do dínamo –, da indústria siderúrgica e química e de materiais como o aço em substituição ao ferro, o surgimento de meios de comunicação como o telefone, o cinema e a fotografia, e o uso do petróleo como combustível para motores a explosão, modificaram a vida na sociedade moderna para sempre. A era de consumo de massas havia chegado junto com a classe média e os sindicatos operários. As leis sociais chegavam para acalmar os operários: redução sua jornada de trabalho, férias, aposentadoria, seguros de saúde e contra acidentes de trabalho; e também a classe média, como a indústria do lazer, os parques de diversões e os investimentos populares na bolsa de valores, a casa na praia ou no campo, o automóvel de passeio.
                O termo Imperialismo aplica-se a um certo tipo de política neocolonialista desenvolvida pelas nações européias no período (Inglaterra, França, Holanda, Bélgica e, atrasadamente, Itália e Alemanha, além dos históricos impérios português e espanhol), cujo objetivo era expandir seu território. Tal feito tornou-se uma necessidade para as burguesias nacionais que, internamente, não tinham mais espaço. Era praticamente impossível lutar comercialmente contra os acordos estabelecidos no seio de cada país pela classe dominante de lá. Assim, cada uma das burguesias (Inglesa, Francesa, Alemã, etc.) transformou-se em inimiga da outra, e todas voltaram-se para fora da Europa. A América do sul já estava dividida entre as potências por dependências econômicas e, territorialmente seria área preferencial dos EUA, então, um Império doméstico. Portanto, a expansão voltou-se, obviamente, para a África e a Ásia (e parte da Oceania).
                Neste sentido, na prática, o que ocorreu foi uma “ocidentalização do mundo”, pois cada potência, ao instalar-se em um novo território promovia o desenvolvimento de uma rede de infra-estrutura, saneamento, modernas estruturas econômicas e sociais, maximizando a exploração. A não ocupação de uma região deixava espaço para que outrem o fizesse.

Principais Características do Imperialismo

1.        O surgimento do capital financeiro pela união entre bancos e indústrias;
2.        Industrialização acelerada pela 2ª Revolução Industrial: eletricidade, aço e petróleo;
3.        Formação de Grandes exércitos nacionais profissionais, muito bem armados pelo incremento da indústria bélica;
4.        Desenfreada corrida armamentista, responsável, em parte pela ocorrência da 1ª Guerra Mundial;
5.        Aumento da escolaridade e bem-estar social, conquista de direitos, sindicatos de operários, lazer;
6.        Neocolonialismo nos territórios africano e asiático;
7.        Ideologia de dominação: “o fardo do homem branco” (Rudiard Kypling), baseada no evolucionismo Dawiniano, transformada em “evolucionismo social”, transportado para as diferenças entre as culturas européia e dominadas.
8.        Cooptação das elites locais que agiam como interventoras das potências;
9.        Exportação de capitais e indústrias em troca de matérias-primas;
10.     Disputas entre as nações pelos territórios colonizados: Guerras e conferências;
11.     Conflitos armados entre colonizadores e colonizados: Cipaios, Boxers, Bôeres, etc.

Filmografia

“Lawrence da Arábia”, Passagem Para a Índia”, “Out Of África”, “As Montanhas da Lua”, “O Império do Sol”, “O último Imperador”, “Sorgo Vermelho”, “Indochina”, Apocalypse Now”, “Platoon”, “Amargo Regresso”, “Nascido em 4 de Julho”, “Os Gritos do Silêncio”, “O Franco Atirador”, “A Batalha de Argel”, “Adeus Minha Concubina”, Ghandi”, “O Ano em que vivemos em perigo”, “Viva Zapata”, “55 Dias em Pequim”, “Zulu”, “Entre Dois Amores”, “Viva México!”

A 1ª Guerra Mundial

                As burguesias nacionais, em sua expansão neocolonial tinham todas um grande objetivo: dominar mercados e territórios cada vez maiores. A 1ª Guerra se configura, portanto, em um limite a este expansionismo belicista desenfreado, um conflito interimperial ou, entre os impérios. A única forma de tornar possível a continuidade da expansão era tomar territórios de outras nações e, a guerra, era o método economicamente mais viável pois, afinal, a indústria bélica gera empregos e aumenta a produção.
                Obviamente que para chegar-se a um embate de tal monta, não bastava a vontade das classes dominantes e de seus governos do tipo “comitê de interesses da burguesia”. Foi necessário convencer as populações da necessidade da guerra e, acredite-se, às vésperas do conflito quase ninguém, inclusive muitos PC’s, era contra a Guerra. Explica-se isso sobretudo pela emergência, juntamente com o progresso econômico e social do fim do século XIX, do fenômeno chamado de “Nacionalismo”. Nietzche, um dos filósofos mais influentes da modernidade já mencionava a “Vontade e Potência das Nações”. De uma certa forma, o Imperialismo se tornou necessário à elevação do nível de vida das classes trabalhadoras. Era o apoio de lideranças operárias ao expansionismo, a aliança feita com as burguesias nacionais e proclamada na 2ª internacional Socialista de 1914 como o “Social-Patriotismo”.
                Mas nenhuma nacionalidade pode ser construída na prática sem ser em oposição a outra. Dessa forma, além do ódio dos comerciantes e industriais aos seus concorrentes de outra nacionalidade foi preciso convencer o povo a se tornar xenófobo. E a palavra de ordem que explica porque o mundo entrou em guerra é “Rivalidade”.


As Rivalidades

ALEMANHA X GRÃ-BRETANHA: correndo atrás das duas maiores potências européias, pela falta de colônias e pela unificação tardia, os alemães tiveram um crescimento industrial acelerado, tomando mercados outrora ingleses como o aço e o carvão, sobretudo na Europa e no oriente e, mesmo, dentro da própria grã-bretanha, que, apesar de “liberal” precisou estimular o protecionismo para não perder seus mercados internos. Às vésperas da Guerra, a Alemanha que, 50 anos antes possuía só 1/5 da extração de carvão em relação aos britânicos, chegava “empatada” na produção. Com o aço, a situação era pior. De deficitários 30 anos antes, os germânicos já produziam o dobro que os ingleses.

Havia também um projeto para a construção de uma ferrovia, a “Berlim-Bagdá”, que daria à Alemanha acesso à riquíssima região petrolífera, a mais rica do mundo em reservas, o oriente médio, até então exclusividade dos britânicos. Mexer com o ouro negro significava bulir com uma rede internacional de contratos altamente lucrativos para as partes envolvidas que detinham esse monopólio, e os Alemães eram completamente “estranhos” a tudo isso. Isso colocava a Inglaterra em maus lençóis e a imprensa começava um campanha anti-germânica alarmista:

Se a Alemanha fosse extinta amanhã, não haveria depois de amanhã um só inglês no mundo que não fosse mais rico do que é hoje. Nações lutaram durante anos por uma cidade ou pelo direito de sucessão; e não se deve lutar por um comércio de 250 milhões de libras esterlinas? A Alemanha deve ser destruída.” Em Berlim, por sua vez, os jornais belicistas usavam táticas semelhantes.

             O Grande peso britânico na economia mundial de então, o endividamento com os EUA, sua presença como nação hegemônica politicamente, somados ao acelerado crescimento industrial alemão, mais a desenfreada corrida armamentista na qual ambos os países se colocaram no início do século, tornaram esta rivalidade uma das mais importantes para a compreensão do contexto em que se iniciou a 1ª Grande Guerra. A Alemanha era grande candidata à maior potência pois, além de emergente, possuía grande dinamismo econômico e se aproximava economicamente das outras pelo aparato bélico, pois tinha o maior complexo industrial militar. Além disso, de tributária da Inglaterra, passou a credora, e para os Estado Unidos exportava capitais, mão-de-obra e recursos. No plano ideológico, buscava o Lebensraum, ou “Espaço Vital”, para aliviar o crescimento acelerado de sua população em decorrência do incremento industrial.
                Os Estados Unidos que, por sua vez, possuía boas relações com a Inglaterra. Se tratava de um Império doméstico e compacto de dimensão continental, grandes recursos, posição insular com saída para dois oceanos importantes, política comercial protecionista fechando o mercado interno a produtos importados, mas não a capitais e imigrantes, facilitava a erosão do liberalismo estimulando as rivalidades, preparando sua ascensão ao lugar de potência hegemônica do capitalismo.

ALEMANHA X FRANÇA: além do intrincado panorama geopolítico devido às disputas coloniais, a França odiava a Alemanha por uma razão cultural. O “Revanchismo Francês”, como era chamado, nos remete historicamente à derrota na guerra franco-prussiana e a perda do território da Alsácia-Lorena, que obrigava a França a importar carvão dos alemães. Ora, um território que os franceses consideravam seu, rico em ferro e carvão fora tomada numa peleja considerada “humilhante”: o acordo de rendição foi assinado no salão dos espelhos do palácio de Versalhes, isto feria o orgulho nacionalista francês. Assim, desde pequenos nas escolas, nos sermões dominicais dos padres, através da imprensa, o povo era estimulado a “dar o troco”. As vésperas da guerra o clima era patriota e nacionalista, apesar da Alemanha ter, ao longo dos anos, feito o possível para se “isolar” dos franceses. Além disso, para complicar as coisas, do ponto de vista germânico, havia a “Questão Marroquina”.
                Desde 1904, os franceses exploravam o Marrocos com exclusividade, com a permissão da Inglaterra. Tal situação rompia com a “Convenção de Madri” em que ambos os países haviam pactuado com a Alemanha a permissão de exploração do país africano. Em 1905, o Kaiser em pessoa, o Imperador Guilherme II, discursou irritado, falando em guerra e mobilizando seus exércitos. Promete preservar a “independência” do Marrocos, vai a Tanger pessoalmente e sugere (ou ameaça) o sultão com guerra caso este o exclua do comércio ou mantenha com algum outro país alguma espécie de monopólio. Afirmou categoricamente que saberia salvaguardar os interesses de seu país e esperava que tais condições fossem respeitadas pelos franceses. Em 1906, em Algeciras, a presença Alemã é reconhecida, mas entre 1908 e 1911, o Marrocos passa a ser oficialmente da França que cede o Congo Francês aos germânicos. Estes nunca ficaram muito satisfeitos com a solução encontrada.
                Tais indisposições com as duas grandes potências da época, levaram a Alemanha a se aproximar do Império Austro-húngaro, com quem, afinal, tinham profundos laços étnicos e históricos. Por sua vez, a França, secretamente, passou a investir na Rússia em termos militares, cercando os Alemães por ambos os lados e tirando os franceses do isolamento, a partir de 1894.

RÚSSIA X ÁUSTRIA-HUNGRIA: a Rússia, que já era o maior império e país do planeta em termos de território contínuo, ambicionava mais e desejava se expandir pela Europa central e os Bálcãs, esteio dos povos eslavos. Por sua vez, os austro-húngaros, tradicionalmente sempre dominaram outros povos como os tchecos, eslovacos, sérvios, eslovenos, croatas e poloneses. A oposição entre os dois impérios se deu por ocasião da disputa pela península balcânica e pela criação do movimento do “Pan-eslavismo”(Eslavos: origem lingüística e cultura, Russos, Poloneses, Ucranianos, Sérvios, Búlgaros, croatas, Tchecos, Eslovacos). Os Russos, como maior povo eslavo, se apoiavam no expansionismo sérvio nos Bálcãs, estimulando a revolta contra os austríacos na região anexada por eles em 1908, a Bósnia-herzegovina.
                A Sérvia, por sua vez, idealizava uma região sob domínio Eslavo, a “Grande Sérvia”. O grande inimigo, além da Áustria, eram os aliados dos germânicos, o decadente Império Turco (Turquia, a “Grande Enferma do levante”), que controlava parte da península e detinha uma parte essencial do território necessário para fazer chegar ao oriente a tão sonhada pelos alemães, ferrovia Berlim-Bagdá”. Com a anexação da Bósnia, tudo ficou mais difícil. Não esqueçamos que os Bálcãs abrigava povos diferentes, com variadas religiões e origens étnicas, além de possuir uma localização estratégica como passagem da Europa ao oriente. Já haviam se independido dos turcos a Grécia, em 1829, a Sérvia, Montenegro e Romênia, em 1878 e a Bulgária em 1897. A Importância dos estreitos de Bósforo e Dardanelos, levou os Russos a estimularem o que aconteceu em 1912: a I Guerra Balcânica. Vitoriosos, os Sérvios, Gregos, Montenegrinos e Búlgaros praticamente selaram o Império Turco. Mas a Bulgária, descontente e, apoiada pelos austríacos, atacou os Sérvios que acabaram vencendo a II Guerra Balcânica em 1913. A Áustria ainda conseguiu criar a Albânia para impedí-los de terem uma saída para o mar, angariando o ódio eterno dos Sérvios.
                Desta forma, as rivalidades, as relações internacionais, estavam definidas para formar um sistema de alianças que será o responsável por fazer eclodir a I Guerra Mundial.

O Sistema de Alianças

A ENTENTE CORDIALE ou TRÍPLICE ENTENTE: formada inicialmente pela Inglaterra e França em 1904, a partir da existência de um inimigo comum, os Alemães. A entrada da Rússia foi uma conseqüência da rivalidade com a Àustria-Hungria na questão balcânica. Em 1907, portanto, esta aliança se torna tríplice.

A TRÍPLICE ALIANÇA: a história deste bloco político começa em 1873, quando Otto Von Bismarck, a fim de isolar politicamente a França, reúne a Alemanha, a Áustria-Hungria e a Rússia. Por causa da questão balcânica, a Rússia, como sabemos, troca de lado. Assim, a Itália substitui a Rússia devido à questão Tunisiana com a França. A França dominava a Tunísia desde 1881. Entretanto, ao iniciar a guerra, os italianos passariam para o lado da Entente por causa de sua divergência com os austríacos em relação às regiões irredentas: Trentino, o sul do Tirol e a Ísria. Possuiu sempre um comportamento dúbio e acordos secretos de não agressão com a Rússia e França. A grande dificuldade dos Italianos à época é que, tal como os Alemães, haviam se unificado tarde e chagado atrasados na partilha colonial do mundo. Assim, um enorme abismo econômico os separava dos países mais desenvolvidos da Europa, situação que ficará particularmente clara com o surgimento do Fascismo no pós 1ª Guerra.

O Início da Guerra

                Em Jogo, nesta peleja, estava o controle imperialista sobre o planeta inteiro, pois o capitalismo começava a unificá-lo em torno de problemas comuns de fundo econômico e político. Foi um conflito sem precedentes históricos, envolvendo todas as grandes potências. O recrutamento foi obrigatório para o exército ou para a produção. Todos os países entraram em um “Esforço de Guerra” e “Economia de Guerra”, onde todos os cidadãos se tornam soldados. Surgiu um arsenal de novas armas de guerra: tanques, encouraçados, submarinos, obuses de grosso calibre, aviação, armas químicas e outras.
                O sistema de alianças foi fundamental para a deflagração do conflito uma vez que não foram as grandes potências que se indispuseram diretamente como estopim. Na verdade, em 1914, a região mais tensa pelo passado recente e o intrincado panorama geopolítico era a península balcânica. Aproveitando-se das guerras ali desenroladas, a Bósnia-Herzegovina, com apoio Sérvio, buscou sua independência. Assim, os Sérvios planejaram, através de sua organização secreta “Mão negra”, um atentado à vida do Arquiduque Francisco Ferdinando, herdeiro do trono austríaco. No dia 28 de Junho de 1914, um estudante o matou a tiros, juntamente com a esposa. O monarca havia dispensado os seguranças e foi baleado após, imprudentemente, ter desfilado em carro aberto em meio a uma multidão. A Áustria-Hungria deu um ultimato à Sérvia exigindo a eliminação de organizações secretas. Como os sérvios se recusaram a intervir nas diversas corporações que existiam na época (eslovênias, bósnias, sérvias, etc.), em 1º de agosto, a Áustria declarou guerra à Sérvia e então o sistema de alianças foi ativado: a Rússia declarou Guerra à Áustria, a Alemanha declarou guerra à Rússia. Logo em seguida, a Inglaterra e a França declararam guerra à Alemanha. A Itália acabou entrando ao lado da Entente pela promessa de anexação dos territórios austríacos. O Japão tomou as colônias alemães na Ásia e se retirou.
                Para ser bem compreendida, a 1ª Guerra deve ser dividida em duas fases: A Guerra de Movimentos e a Guerra de Trincheiras.

Guerra de Movimentos

                Esta fase compreende apenas o ano de 1914, quando a Alemanha pôs em prática seu plano, o “Plano Schieffen”, cuja estratégia era invadir a França através da Bélgica e depois atacar os Russos, ou seja, concentrar-se primeiro na frente ocidental e depois na frente oriental. Assim, invadiram a Bélgica, violando a neutralidade de tal nação. Já indisposta pela questão balcânica, a Inglaterra finalmente declara guerra à Alemanha, cujos soldados rumam a Paris. Os Russos então, lançam um ofensiva na frente oriental, malfadando a estratégia germânica. Além disso, a resistência francesa bloqueou o avanço germânico na “Batalha do Marne”.

Guerra de Trincheiras

                Esta fase que dura até o fim da Guerra (1918) iniciou-se pelo fracasso do plano alemão proporcionado pela resistência dos franceses ao avanço em seu território. Assim, as forças inimigas se fixavam por longo tempo, frente a frente, em abrigos cavados na terra e protegidos por arame farpado, chamado de “Trincheira”. Ali ficavam os soldados por meses, às vezes anos. Era difícil avançar por causa das rajadas de metralhadoras. Tudo ficava parado e os soldados ali moravam. A vida era terrível e se enfrentava de tudo: calor, frio, lama, insetos, ratos e os cadáveres apodrecendo. Muitas vezes, a única forma de matar o inimigo eram as armas químicas, por isso o uso de máscaras de gás se tornou comum. Tais substâncias voláteis podiam provocar cegueira irreversível ou morte cheia de dor e agonia.
                Em 1916, na “Batalha de Verdum”, uma nova ofensiva alemã é frustrada e morrem 300 mil soldados. Mantém-se as posições. Na frente oriental, entretanto, os russos são detidos, como na “Batalha de Tannenberg”, em 1915, quando avançavam sobre os territórios da Áustria-Hungria” e têm 100 mil de seus homens aprisionados. Ao lado da Entente entram na guerra o Japão (1914), a Itália (1915), Portugal e Romênia (1816) e Estados Unidos, Grécia e o Brasil (1917). No Lado oposto entram a Turquia (1914) e a Bulgária (1915). Os Estados Unidos, grande credor francês e Inglês, fica com medo de um calote generalizado por parte dessas potências e assume o posto ao lado da Entente, supondo, naquele momento, uma vantagem alemã, e ganhando muito dinheiro com o fornecimento de alimentos, tropas, armamentos e produtos industrializados. O medo de uma vitória alemã assusta os empresários norte-americanos naquele momento fazendo a Bolsa de Nova York sofrer forte abalo.
                Simultaneamente, a situação na Rússia assume, internamente, ares de Revolução, e, em 1918, este país, agora socialista e enfrentando uma guerra civil, assina a “Paz de Brest-Litovsky” apenas com os alemães, que passam a investir naquele país. Mas a entrada dos EUA desequilibra o cenário a favor da Entente. Os alemães perdem aliados como a Bulgária, a Turquia e a Áustria-Hungria que, depalperados, saem do conflito em 1918. Neste ano, tentam sua última cartada: uma grande ofensiva na frente ocidental, utilizando-se de tanques, aviões e canhões de longo alcance, chegando a 46Km de Paris, mas detidos pelo reforso norte-americano. Sofrem, simulaneamente, um bloqueio naval e enfrentam escassez de alimentos e muitas manifestações de protesto e até greves gerais. Em 18 de Novembro ocorre uma sublevação contra a monarquia e o Imperador Guilherme II abdica. Surgia a República de Weimar, que assina o armistício de Compiegne, no mesmo mês. A Guerra chegara ao fim.

Os Tratados de Paz

                Contra as 14 teses do presidente Wilson, que pretendia “uma paz sem vencedores”, a situação do pós-guerra foi decidida apenas pelos vencedores. O então presidente norte-americano afirmava, com razão, que se o armistício sacrificasse demais à Alemanha, a tensão poderia voltar à Europa causando um novo conflito. A história provou que ele tinha razão.
                Participaram da Conferência de Paris, em 1919, apenas os vencedores e países neutros, 32 ao todo. No “Tratado de Versalhes”, a Inglaterra e a França culparam a Alemanha pela guerra e impuseram uma desmilitarização quase total, sem tocar no parque industrial do país. Como vingança, o acordo humilhante, foi assinado pelo novo governo germânico, no Salão dos Espelhos, em Versalhes. Estavam entre os itens do Tratado:
1.        A perda de 1/7 do território com a cessão da Alsácia-Lorena à França, a região do Sarre à Bélgica (rica em carvão) e uma saída para o mar pelo porto de Dantzig (Gdansk) que criou à Polônia e o chamado “Corredor Polonês”. Esta última cláusula dividiu o país em duas partes e inventou a “Prússia Oriental”.
2.        A perda de todas as suas colônias, artilharia e aviação e seu exército limitado a 100 mil homens.
3.        A Alemanha ficava proibida de construir navios de guerra.
4.        Na cláusula econômico-financeira havia uma reparação em dinheiro cujo montante era de 30 bilhões de dólares! Soma esta que pode ser considerada “impagável”. Também se exigia parte de sua frota mercante, locomotivas e reservas em ouro. Esta reparação foi negociada nos anos 20 e extinta em 1932 na “Conferência de Lausanne”.
Através do “Tratado de Saint-Germain”, extinguiu-se o Império Austro-Húngaro, fazendo surgir países como a Hungria, a Tchecoslováquia e a Iugoslávia. A Áustria ainda ficou impedida de unir-se com a Alemanha. Com a Hungria foi assinado o “Tratado de Trianon”, com a Bulgária o de “Neully”. O Império Turco foi desmembrado e dividido entre França, Inglaterra e Itália e criava-se a Turquia. O saldo da Guerra foi de 9 milhões de mortos só na Europa e 13 milhões no total, mais 20 milhões de feridos. O custo ficou assim dividido: 30% para os franceses, 22% para os alemães, 3% para os ingleses, 26% para os Italianos e 9% para os norte-americanos.
A criação da “Liga das Nações” como organismo internacional diplomático no pós guerra foi um grande fracasso, primeiro porque excluía os vencidos e a Rússia, Segundo porque a Europa, além de arrasada e enfraquecida militar, política e economicamente passou a ser subsidiária do único país capaz de dar conta da produção industrial então: os Estados Unidos. Estes, de um isolacionismo quase completo no plano diplomático, passam à posição de maior nação do planeta, desbancando a antiga hegemonia inglesa e assumindo um papel gigante na economia global. Tudo que aconteceria a seguir, em temos econômicos, passa a girar em torno do Tio Sam, que é agora o novo dono do circo, comandante capaz de criar e descriar modas e moldar o capitalismo quase a seu bel prazer.

Filmografia

“Johnny Vai à Guerra”, “Adeus à Inicência”, “Nada de Novo no Front”, “A Grande Ilusão”, “Glória Feita de Sangue”, “Galípoli”, “Uma Aventura na África”, “Coronel Redl”, “Rosa Luxemburgo”.

Plano de Estudo sobre Imperialismo e 1ª Guerra Mundial

1.        Relacione 1ª Guerra Mundial e expansionismo imperialista;
2.        Quais as causas gerais e imediatas da 1ª guerra;
3.        Discorra sobre as rivalidades entre: Alemanha e França, Alemanha e Inglaterra;
4.        O que é pan-eslavismo? De que forma ele está ligado a 1ª Guerra Mundial?
5.        Discorra sobre a formação do sistema de alianças;
6.        Qual a origem e como se desenvolveu a crise do Marrocos?
7.        O Que é “Guerra de Movimentos” e “Guerra de Trincheiras”?
8.        Qual a causa da entrada dos Eua na guerra?
9.        Explique o fim do conflito enfatizando os tratados de paz e como ficou o mapa europeu após o final da guerra

A Revolução Russa 

Foi uma ruptura social e política inédita, sem paralelo histórico. Um país que passou do absolutismo à Ditadura do Partido Proletário Bolchevique, não havendo a fase de poder na mão da burguesia. Ao contrário do que Karl Marx previra, tal evento não aconteceu onde o capitalismo estava mais avançado, mas onde ele mal existia. No início do século XX, a Rússia possuía mais de 150 milhões de habitantes emersos em profundas contradições do “Velho antigo regime”, que na França acabara desde o século XVIII. 40 por cento das terras pertencia à nobreza. As principais classes sociais eram os Boiardos (nobres feudais), a Igreja e os Mujiques, camponeses. O País era tão pobre e atrasado, que em algumas regiões, os povos sequer conheciam o arado. O desenvolvimento industrial existia, mas concentrado em Moscou e São Petersburgo (a capital). O operário russo era o mais explorado do mundo: greves dissolvidas a bala, fábricas enormes, milhares de trabalhadores em cada uma o que dificultava a conscientização. Os partidos políticos eram proibidos, mas existiam de forma clandestina. Havia, entretanto, sindicatos, greves, jornais de oposição, comícios e passeatas e, qualquer um envolvido nisso poderia ir parar num exílio na Sibéria.
O Império Russo era comandado pelo Czar, ou Tzar, russo. O principal foi “Pedro, O Grande” (1862 – 1725), que desenvolveu formas mais eficazes de administração e de educação, buscou tecnologias do ocidente gerando um desenvolvimento entre os séculos XVI e XVII. A maioria dos Czares nunca foram muito de satisfazer as aspirações burguesas. Alexandre III dos século XIX reprimiu também anarquistas e marxistas. Nicolau II, que governava a Rússia no início do século XX, foi até generoso na industrialização, na entrada de capitais internacionais e numa burguesia de fora da Rússia. Havia, sem dúvida, muitos motivos para o descontentamento por parte de várias classes. Não podemos esquecer que metade da população russa era composta de camponeses miseráveis e subjugados pelos nobres feudais.

O Ensaio Revolucionário de 1905

                A Guerra Russo-japonesa (1904-1905) pela disputa das regiões da Coréia e Manchúria, foi particularmente marcante como derrota pelas tropas de Nicolau, e deu razões para os opositores de seu regime. No dia 22 de Janeiro de 1905, ocorreu uma manifestação popular em frente ao palácio de inverno do Czar, cujo objetivo era conseguir uma entrevista com o mesmo para expor queixas e cantando o hino de fidelidade “Deus salve o Czar”, nosso “Paizinho”, como era carinhosamente chamado pela população. Ficou conhecido este episódio como “Domingo Sangrento” pois o Imperador não quis saber de nada. Com raiva por estar sendo perturbado mandou matar a sangue frio todos os que estivessem próximos. Foram centenas de mortos. O acontecimento foi seguido por uma onda nunca vista de protestos pelo país. Houve levantes que geraram grande intranqüilidade e instabilidade política. Também ocorreu o famoso levante do “Encouraçado Potemkim” (transformado em um excepcional filme expressionista homônimo por Sergei Einsenstein) que resultou na sublevação de toda a Frota Russa no Mar Negro, dando uma clara mensagem de que até as forças armadas poderiam abandonar o Imperador.
                Nos “manifestos de Outubro” o povo conseguiu a promessa do Czar de instauração de um Parlamento (Duma) e a formação de sovietes de camponeses e operários. O que se viu, em seguida foi uma violenta repressão à oposição ao regime, e sovietes e um parlamento fracos, sem poderes, inoperantes. Na oposição estavam os “Populistas” (Narodniks), os “Anarquistas” do tipo Bakunin (Niilistas) e os “Social-democratas” (Marxistas”). Estes últimos vinham se convertendo no inimigo mais qualificado do Czarismo. Esta foi a força responsável pelo desencadeamento do processo revolucionário. Mas esta força estava dividida desde o 2º Congresso do Partido Operário Social Democrata Russo (POSDR) em duas facções: os Mencheviques, “menche” significa “menos” em russo, era a ala minoritária do partido; marxistas ortodoxos acreditavam no “etapismo” em que a revolução teria necessariamente que passar por certas fases, como a Revolução burguesa liderada por um parlamento. Seus principais líderes eram Plekhanov e Martov; os Bolcheviques, “bolche” é “mais” em Russo, a ala majoritária que acreditava em uma aliança de classes proletária e camponesa para derrubar o Czarismo. Seus líderes eram Lenin, Trotsky e Stálin e sua organização era baseada em “Soviets”, assembléias democráticas de operários, camponeses e mesmo soldados. Em 1914, essas facções se separariam definitivamente.
                Pode-se dizer que o colapso do Czarismo se daria cedo ou tarde pelo baixo poder que demonstrou ao longo da 1ª Guerra, muitas derrotas nas batalhas, deserções em massa, insurreições populares repetidas, desabastecimento, escassez de comida e partidos de oposição bem organizados e persistentes.

A Revolução Menchevique

                Em março de 1817, cai Nicolau II e instala-se a “República da Duma” sob comando de Kerensky, como governo provisório. Foi uma espécie de Revolução Burguesa mas sem base de apoio, sem compromisso social. Mas a situação não se estabilizou ao nível de Revolução Burguesa, pois a população continuava em terríveis dificuldades e continuava a instabilidade política. Aproveitando a situação, Lênin e Trotsky lançaram o panfleto “Teses de Abril” onde pediam o tripé “Paz, Terra e Pão”, ou seja, a saída imediata da Rússia da 1ª Guerra, uma reforma agrária que atendesse às reivindicações dos camponeses distribuindo terra de verdade, capaz de aumentar a produção e resolver a crise de abastecimento interno.
                A repercussão foi boa, de forma que o PSDOR proclama “Todo Poder aos Soviets” e inicia um recrutamento, sob comando de Trotski em Petrogrado para aquilo que vai se tornar a “Guarda Vermelha”, um exército revolucionário comandado por ele. Estava preparado o caminho para a Revolução. Em Junho de 1917, após uma passeata de 500 mil operários, o governo provisório abriu bala na multidão, fechou os jornais bolcheviques e mandou prender Lênin. Em agosto, Kornilov, um general, tenta dar um golpe de estado para restaurar o Czarismo. Bolcheviques são readmitidos no governo combatem as tropas de Kornilov e obtém respaldo popular.

A Revolução Bolchevique

                No dia 7 de novembro (25 de outubro no Calendário Juliano) os operários comandados pelo partido bolchevique tomaram de assalto os departamentos públicos e o Palácio de Inverno. Na noite do golpe, quase não houve resistência: tudo foi tomado sem luta, a estação ferroviária, central telefônica, telégrafos, etc. É proclamado o “Conselho de Comissários do Povo formado por Lênin, Trotski, Stalin dando todo poder aos Soviets. Inicia-se o governo do homem mais forte do partido, Lênin, que duraria de 1917 até 1924. Filho de um professor secundarista, estudante contestador, exemplo da universidade, acabou se formando brilhantemente em Direito. Possuía profundo conhecimento do Marxismo, era um organizador talentoso, polemista implacável, com uma visão política aguda e perspicaz. Desde jovem meteu-se em atividades revolucionárias. Para ele o socialismo não poderia nascer da atrasada comunidade rural, mas do capitalismo industrial. Falava e escrevia em Alemão, Francês, Inglês, Latim e Grego antigo. Escreveu livros de Economia, Sociologia e Filosofia. Casado com uma professora, jamais teve filhos.
O programa implementado foi de grande radicalidade transformadora. As principais medidas inicialmente adotadas foram: a nacionalização das indústrias e dos bancos estrangeiros, a redistribuição de terras no campo, a assinatura do armistício com a Alemanha ou “Paz de Brest-Litovski”, onde a Rússia abria mão da Letônia, Lituânia, Estônia, Finlândia, Ucrânia e Polônia.
É óbvio que tal postura gerou grande descontentamento interna e externamente ao país. Havia a natural oposição dos “Russos Brancos” (Mencheviques e Czaristas) e dos países “aliados” à Rússia na Guerra que não aceitaram o novo regime com medo do comunismo se espalhar pela Europa, o que já vinha acontecendo. Assim, pressionado interna e externamente, o novo regime vai enfrentar uma violenta “Guerra Civil” que durou até 1921. A vitória dos “Russos Vermelhos” não se deu sem 20 milhões de mortes, crises de abastecimento e uma epidemia de Tifo que matou 3,5 milhões em 1920, tudo isto gerando muito descontentamento e protesto contínuos. O povo foi submetido a um regime chamado de “Comunismo de Guerra” que foi a centralização da alimentação e da produção nas mãos do estado com a eliminação da economia de mercado e o fim do uso de moedas.
Com o fim da guerra Lênin promulga a NEP, ou “Nova Política Econômica”, uma combinação de socialismo e capitalismo onde há o estímulo à pequena manufatura privada, pequeno comércio e livre venda de produtos pelos camponeses, ou, como ele dizia, “um passo atrás para dar dois à frente”. A NEP durou até 1928 e propiciou uma recuperação parcial da economia e a reativação da indústria, agricultura e comércio. Durante este período, em 1923, foi criada a U.R.S.S. ou “União das Repúblicas Socialistas Soviéticas” através de uma constituição comum. Foi uma legalização da união entre diferentes regiões do antigo Império Russo.

Trotski X Stalin

                A disputa pelo poder começa quando Lênin morre, em 1924. Trotski, grande líder do “Exército Vermelho”, de família burguesa, era brilhante orador e intelectual sofisticado, defendia a tese da “Revolução Permanente”, ou seja, deveria haver a difusão do socialismo pelo mundo e isso era tarefa da vanguarda revolucionária formada, principalmente, pelo povo russo. Já Stálin, nasceu na Geórgia, uma nação subordinada ao Império Russo. Pobre, operário na juventude, não teve uma grande formação intelectual. Militante, disciplinado, ótimo organizador, porém, dogmático ao extremo, com horizontes restritos, cínico, desconfiado e implacável com os opositores, sempre defendeu “O Socialismo num só país”, a estruturação de um estado revolucionário forte para, só então, tentar expandir a Revolução para a Europa. Stálin soube, ao longo de seu governo, perseguir e eliminar seus inimigos, principalmente Trotski a quem, depois de assumir o poder, obrigou a se esconder o resto da vida, até conseguir assassiná-lo, no México em 1940.

O Governo de Stalin

                A partir de 1928, o estado soviético entro em um processo de socialização total com a abolição da NEP. Passaram a valer, em termos de planejamento, os “Planos Qüinqüenais”, elaborados pela “Golspan”, órgão especialmente criado para isso, com o objetivo de tornar a nação socialista “moderna e industrial”. No 1º Plano, houve um grande processo de urbanização, a economia perseguiu o aumento da produção de maneira global, houve o estímulo à industrialização (indústria pesada, siderurgia, maquinaria, etc.) e, no meio rural, a coletivização agrícola com a criação dos soukhoses (As fazendas estatais) e os kolkhoses (as cooperativas), o que ele impôs aos camponeses, que não aceitavam seu método centralizador, gerando um menor crescimento da agricultura do que em outros setores. No 2º Plano Qüinqüenal, os reflexos do 1º já podiam ser sentidos. Houve um crescimento da indústria de base (700%) em relação a 1928. A Indústria de bens de consumo cresceu 400%. Houve também uma aceleração do crescimento de maneira global.
                O 3º Plano (1938) foi interrompido por causa da 2ª Guerra, mas o objetivo era o de desenvolver a indústria mais especializada, a química. Após 1945, o regime foi reconhecido internacionalmente e, a URSS emergia como 2ª grande potência mundial. Apesar disso, a falta de Democracia política e a perseguição aos inimigos proporcionados por Stalin, criaram um cenário conturbado para a nação após a sua morte, em 1954. Stalin via a democracia como conceito econômico e não político. Criou um forte culto à sua personalidade em todos os lugares, ele era o “Líder genial” ou “O maior pensador do século XX”, era adorado nos esportes, na escola, no cinema, etc. O país sofreu uma militarização, muito por causa do “cordão sanitário” imposto pelo capitalismo. Partido e estado se confundiram e a burocracia foi acumulando privilégios, criando uma espécie de “burguesia estatal”.
                Para Eric Hobsbawn, a Revolução Russa representou a “luta secular de forças da velha ordem contra a revolução social” que foi uma das marcas políticas do século XX.

Filmografia

“Adeus, Lênin”, Encouraçado Potemkim”, Outubro”, “Os Irmãos karamazov”, “Doutor Jivago”, “O homem de Kiev”, “Reds = Os Dez Dias Que Abalaram o Mundo”, “Stalin”, “O Círculo do Poder”, “Taxi-Blues”, “Moscou em Nova Yorque”, “O Ouro dos Tolos”, “O Sol Enganador”.

Plano de Estudo sobre A Revolução Russa

1.        Comente a situação russa nos anos que antecederam o início da revolução;
2.        Quais os motivos, como se desenvolveu, e quais as conseqüências do “Ensaio Revolucionário de 1905”;
3.        Discorra sobre as diferenças ideológicas entre Mencheviques e Bolcheviques;
4.        Discorra sobre a “Revolução Menchevique” e as “Teses de Abril”;
5.        Quais as principais características do governo de Lênin e o que foi a NEP?
6.        Quais eram os objetivos e como foram desenvolvidos os “Planos Qüinqüenais”?
7.        Escreva sobre a disputa entre Trotski e Stálin:
8.        Reflita sobre a União Soviética: podemos dizer que foi um regime socialista? Por quê?

Os anos 20 e a Crise de 1929

                Ao longo dos anos 20, os EUA eram a maior potência econômica do mundo, possuíam a agricultura mais mecanizada do planeta e uma produção industrial astronômica. Em 1920, a participação dos Estados Unidos na produção mundial era de 85% dos automóveis, 66% do Petróleo, 53% do carvão, 405 do Ferro e Aço e 60% do Cobre e Alumínio. O consumo explodiu, afinal o mundo acabara de passar por uma terrível guerra. A classe média norte-americana investe como nunca na bolsa de valores, cujo crescimento, obviamente, era baseado na hiperexploração dos assalariados. O país passava por um processo de industrialização brutal para que pudesse a nova posição no cenário geopolítico e até as crianças trabalhavam. Os alimentos eram baratos, mas os salários eram baixos. Hávia uma má distribuição de renda, 40% dos ricos detinham a maior parte da riqueza. Havia grande pobreza, favelas, subnutrição, falta de água, esgoto e luz elétrica.
                Tudo isso foi acompanhado pela formação de sindicatos e realização de greves reprimidas violentamente. Em 1886, por exemplo, ocorreu um massacre da multidão de operários em uma passeata em Chicago, no dia 1º de Maio – que passou a ser o dia internacional das lutas dos trabalhadores. O mais incrível é que os jornais apoiaram o linchamento dos manifestantes. Em 1890 foi promulgada a “Lei de Shermam” que proibia qualquer associação que perturbasse o “livre mercado”. Assim, casos como o dos operários anarquistas “Saco & Vanzetti”, em 1927, eram comuns nos EUA. Ambos, apenas por serem líderes operários, foram condenados à cadeira elétrica, com a condenação pela imprensa européia, na época.
                Foram anos dominados por estritos modelos industriais, cujos objetivos eram aumentar a produção com o menor custo possível. Assim era o “Fordismo”, baseado na divisão dos trabalhos entre os operários. Cada um executa uma só tarefa e, com a divisão social do trabalho, produz-se mais rápido, diminuindo o custo. Já o “Taylorismo” pregava o controle estrito do tempo que cada trabalhador demorava para executar sua tarefa. Para aumentar a produção, aumenta-se a velocidade da máquina. Tal paradigma pode ser observado com ironia na seqüência inicial do filme “Tempos Modernos” de Charlie Chaplin.
                Os anos 20, “Anos Loucos” como forma chamados, foi o decênio do Cinema, do Rádio, dos discos que tocam em Gramofone e do Jazz. Tudo aquilo que o mundo era antes da guerra foi negado neste período. Se a música do século XIX era a valsa, a cultura musical buscava, agora, novos caminhos. O “Charleston” foi o ritmo dançante em que os casais podiam até dançar separados! As mulheres passaram a usar cabelos “Chanel”, vestidos curtos e a beber e fumar em público. A polifonia tomou conta da música, todos os instrumentos podiam solar ao mesmo tempo, inclusive os de percussão. Se a música popular, antes, era de origem nobre, agora, todos ouviam uma música simples, criada e tocada por negros pobres norte-americanos. Neste sentido, a expressão artística rompeu com o moralismo e o racismo até então predominantes. O mundo do pós-guerra, tinha de ser, aos olhos da arte, um mundo novo. A pintura diversificou-se em uma série de movimentos como o expressionismo, o cubismo, o surrealismo, o abstracionismo, que rompiam as barreiras entre as artes e se espalhavam pelo mundo.
                Ao mesmo tempo, foi o período da Lei Seca, que durou até 1933, dura repressão ao comércio de bebidas e à diversão. Fez enriquecerem os gangsters e as máfias, aumentando o crime organizado que tinha, na realidade, estrita relação com os poderes oficiais.

A Crise

                Foi um dia 24 de outubro, Quinta-feira, quando as ações começaram a despencar, todos queriam vender, ninguém queria comprar, todos perderam milhões. As pessoas se jogavam de prédios, vendiam valores por preços ínfimos. Os bancos fecharam porque as multidões corriam até eles. Indústrias quebraram, o desemprego se tornou massivo, a classe média ficou pobre, os pobres mais pobres, só os muito endinheirados conseguiram escapar. A crise atingiu também a Europa. Foi a primeira grande crise do capitalismo, conforme Marx previra, o início do desgaste do paradigma liberal na economia.
                A situação piorou nos anos seguintes. Mais de 100 mil empresas faliram, 1 milhão de fazendeiros tiveram que vender seus bens e a produção industrial caiu 50%. 1/3 dos americanos ficaram desempregados.
                Foi uma crise de “superprodução”. Alguns economistas já haviam informado os industriais norte-americanos que, como a produção crescia em um ritmo vertiginoso, o que ocorria para recuperar o tempo perdido na guerra, chegaria um ponto em que a demanda ficaria abaixo da oferta. Mas a euforia impediu os produtores e o governo de perceber, apesar das advertências, que essa crise, já anunciada nos anos anteriores, chegaria em 1929. Assim, a solução foi uma diminuição drástica na produção, acentuada pelo não consumo gerado pelo desemprego, enfim, a crise foi a abundância gerando miséria e, depois, a miséria que gera mais miséria, como numa bola de neve.
                Mas, em 1932, depois de anos terríveis, é eleito um democrata para a presidência dos EUA. Franklin Delano Roosevelt, decretou “o fim do liberalismo” e constituiu um estado forte e altamente interventor na economia, com a ajuda de um economista desconhecido até então, John M. Keynes (1883-1946). O governo americano passou a investir em obras públicas como aeroportos, hidrelétricas, estradas, reflorestamentos, gerando grande número de novos empregos. O dinheiro vinha de empresários que, sem terem onde investir, “emprestavam” o dinheiro ao estado de forma compulsória. O governo passou a controlar rigidamente a Bolsa de Valores e os bancos. Fizeram-se leis de proteção social e construíram-se casas populares. Alimentos eram estocados e queimados pelo governo para evitar a queda de preços. Essa receita foi adotada, praticamente, por todos os países no mundo, que passaram a acrescentar, novamente, um item em sua produção: a indústria bélica.
                Essa saída para a crise foi chamada de New Deal ou “Novo Acordo”. Provava-se que a crise ocorrera pelo desgaste do capitalismo liberal porque, a saída para essa crise foi, simplesmente, aquilo pelo qual os liberais têm hojeriza: a intervenção massiva do estado na economia. Do outro lado do mundo, isolado por um “cordão sanitário” um outro país, em largo crescimento, se mantinha alheio à crise, a URSS. Sem desemprego, os soviéticos constituíam de fato uma ameaça ao capitalismo na mediada em que provavam que era possível seguridade social estando fora do capitalismo. E este é um dilema com o qual o sistema terá concretamente que lidar daqui por diante, demanda que será a causa decisiva para desencadear a 2ª grande guerra.

Filmografia

“Saco & Vanzetti”, “O sol é para todos”, “Era uma Vez na América”, “O Círculo da Vício”, “Ragtime”, “Os Intocáveis”, “Vinhas da Ira”

Plano de Estudos sobre a Crise de 29 e Os Anos 20

1.        Explique as causas que levaram o mundo a chegar à Crise de 1929;
2.        Como estava a economia norte-americana nos anos 20?
3.        Por que os Anos 20 foram chamados de “Anos Loucos”?
4.        Quais foram as conseqüências da Crise de 1929?
5.        O que foi o “New Deal”?  

PROJETO PAISAGEM FOTOGRÁFICA

Escola Estadual de Ensino Médio Pe. Reus

Disciplina: Geografia

Professor: Lawrence Nectoux David

Março de 2009

 

Projeto Paisagem Fotográfica

Quem? Turmas 211, 212 e 213

 

Justificativa

 

            A compreensão de diferentes linguagens é uma competência fundamental no mundo contemporâneo. Nessa sociedade informacional somos diariamente bombardeados por enorme quantidade de saberes que se utilizam das mais diferentes linguagens. O uso da imagem, hoje em dia, é quase tão importante quanto o de palavras. Vivemos em um mundo imagético e para decifrá-lo precisamos estar familiarizados com algum conhecimento acerca de como as imagens são produzidas, selecionadas e chegam até nós, através dos meios de comunicação como televisão, propaganda ou internet.

            Trabalhar com a fotografia é uma oportunidade de introduzir os educandos nesse universo fascinante do ícone. Fazê-lo produzir suas próprias imagens é uma maneira adequada para conduzi-lo a compreender a língua visual mais do que qualquer outra, pois ele deparar-se-á com o meio de comunicação desde a fonte primeira, isto é, a captação e produção da peça visual, pensando e refletindo sobre o que fez e dividindo tal feito com os colegas e com a comunidade escolar.

            Simultaneamente poderá compreender a Paisagem Geográfica, na medida em que criará sua própria visão desse conteúdo curricular. Assim, esse projeto justifica-se como a união de competência e conhecimento, mais propriamente a competência informacional e o conhecimento geográfico.

 

Objetivos

 

1)      Introduzir o estudante no fascinante mundo da fotografia digital a partir da produção de imagens fotográficas;

2)      Dotar o estudante de conhecimentos técnicos acerca da fotografia tais como enquadramento, planos, utilização da luz e de recursos da máquina digital como velocidade de disparo, obturador, tempo de exposição, uso do flash, etc.

3)      Fazê-lo compreender a paisagem fotográfica na medida em que cada um terá que fotografar suas próprias paisagens para incluí-las no projeto;

4)      Produzir fotografias de qualidade para se tornarem uma exposição a ser apresentada para a comunidade escolar em data a ser combinada;

5)      Fazer os estudantes refletirem sobre a importância da imagem no mundo atual, aprendendo a analisá-las e também a produzi-las com um fim determinado;

6)      Fazer os educandos compreenderem a dramática transformação da paisagem natural em artificial pela qual nosso mundo vem passando;

7)      Dotar os educandos de senso crítico em relação às transformações do espaço geográfico no mundo de hoje e em outras épocas;

8)      Criar um vínculo afetivo entre os estudantes de turmas de 1º ano que pouco se conhecem, bem como entre estes e o professor de geografia e a disciplina;

 

 

Metodologia

 

            Em primeiro lugar, o professor falará de sua experiência como fotógrafo amador, mostrará uma série de fotos das quais gosta aos estudantes a fim de impressioná-los, e atrai-los para o mundo da imagem e da fotografia. Em seguida, algumas aulas sobre fotografia serão ministradas. Noções gerais de como enquadrar uma imagem, como captar bem a luz utilizando os recursos da máquina fotográfica serão postulados.

            Simultaneamente o professor estará adicionando aí conhecimentos geográficos como a transformação do espaço e da paisagem, quais os motivos que levam a isso. Muitas imagens serão mostradas e conversar-se-á sobre o assunto. O livro de geografia será utilizado, exercícios com imagens serão feitos.

            Então, será pedido ao educando que comece a fotografar, muitas fotos, de preferência, para derem escolhidas as duas melhores: Uma de uma paisagem natural e outra de uma artificial. As imagens não devem ser retocadas em fotoshops. O estudante deve produzi-la em sua própria Câmera e mostrá-la ainda nesta, ao professor. Uma vez selecionadas as fotografias de todos, monta-se a exposição, criando-se legendas e/ou textos para cada uma das fotos.

            A avaliação será feita no sentido de incentivar o educando a continuar fotografando. A qualidade será avaliada na medida em que o aluno atingir os objetivos mínimos do projeto, mas acredita-se que pela familiaridade que se possui hoje com o meio digital, pode-se ir bem além disso.

 

Calendário

 

            Serão aceitas fotografias entregues até o fim do mês de abril de 2009, diretamente ao professor em CD-R, pendrive, ou mandadas diretamente para o e-mail do projeto:  paisagemfotografica@gmail.com, mencionando o nome, a turma e o local onde tirou a fotografia.